EXTERIOR

Bolsonaristas dizem que vão pedir impeachment de Lula por fala sobre Israel

Por Ranier Bragon | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Ricardo Stuckert / PR
Petista disse, neste domingo, que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram genocídio e fez paralelo com o extermínio de judeus por Hitler
Petista disse, neste domingo, que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram genocídio e fez paralelo com o extermínio de judeus por Hitler

Liderados por Carla Zambelli (PL-SP), deputados federais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram neste domingo (18) terem assinado um pedido de impeachment contra o presidente Lula (PT), documento a ser protocolado na Câmara nesta terça-feira (20).

O motivo é o fato de o petista ter afirmado neste domingo, na Etiópia, que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram um genocídio, fazendo um paralelo com o extermínio de judeus promovido pelo ditador Adolf Hitler no século passado.

"Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou Lula na Etiópia, se referindo ao extermínio de cerca de 6 milhões de judeus pelo regime nazista.

A lista de parlamentares conta com cerca de 40 nomes, quase todos da ala do PL vinculada a Bolsonaro. A Câmara tem 513 deputados.

"Gostaríamos de dizer ao 1? ministro de Israel que o impeachment contra lula será apresentado na terça-feira, em Brasília, e assinado por mais de 40 deputados federais", escreveu Zambelli em suas redes sociais, em referência à fala do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, segundo quem Lula cruzou a linha vermelha e deveria ter vergonha de si mesmo.

Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) também foi às redes criticar Lula.

"Presidente Lula, comparar o Holocausto à reação militar de Israel aos ataques terroristas que sofreu é vergonhoso. O holocausto é incomparável e não pode ser naturalizado nunca. Em nome dos brasileiros, pedimos desculpas ao mundo e a todos os judeus".

De acordo com os bolsonaristas, o pedido irá se basear em um dos pontos do artigo 5º da lei 1.079/1950, que estabelece como uma das causas de crime de responsabilidade "cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".

Para prosperar no Congresso, porém, o impeachment precisa, em primeiro lugar, de uma autorização formal do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), hoje aliado de Lula.

Qualquer cidadão pode requerer o impeachment de um chefe do Executivo, e a autorização para que ele comece a tramitar, dada pelo presidente da Câmara, nunca é definida por questões jurídicas.

É preciso uma conjunção de fatores, como forte pressão popular, baixa aprovação governamental, economia em crise e perda de apoio legislativo.

Após a redemocratização, dois presidentes sofreram impeachment: Fernando Collor de Mello, em 1992, e Dilma Rousseff, em 2016.

A reportagem conversou com alguns líderes partidários neste domingo que, na condição de anonimato, afirmaram ser zero a chance de Lira dar sequência a esse pedido, pelo menos por ora, até pelo fato de que, segundo eles, uma decisão como essa precisa ter respaldo de importantes forças políticas, o que não é o caso.

Lira e Lula se encontraram antes do Carnaval para conversar sobre desavenças entre o Congresso e o Palácio do Planalto. O presidente da Câmara afirmou a pessoas próximas que acertou com o petista um canal direto de comunicação e que, a partir daquele momento, a relação estava "zerada" entre os dois.

Também neste domingo, o ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) foi às redes defender a fala de Lula.

"O Brasil sempre, desde 7 de outubro, condenou os ataques terrorista do Hamas em todos os fóruns. Nossa solidariedade é com a população civil de Gaza, que está sofrendo por atos que não cometeram. Já são mais de 10 mil crianças mortas em Gaza. O número de mortos em Gaza está próximo de 30 mil pessoas e, 70% destas mortes são de mulheres", escreveu.

Pimenta disse ainda que a comunidade internacional não pode calar diante disso e que as palavras de Lula "sempre foram pela paz e para fortalecer o sentimento de solidariedade entre os povos".

Comentários

6 Comentários

  • José Marcelo Ravanhan 19/02/2024
    POLÍTICA EXTERNA DESASTROSA. SE, NÃO PODE AJUDAR NÃO ATRAPALHAR JA ESTÁ DE BOM TAMANHO. O PRESIDENTE ATUAL MOSTROU UM COMPORTAMENTO HOSTIL DIANTE DE UMA NAÇÃO AMIGA EM BENEFÍCIO DE UM GRUPO EXTREMISTA. SERIA O MESMO QUE: UM CHEFE DE ESTADO DE UM OUTRO PAIS VIZINHO DAR LEGITIMIDADE AO PCC e CV PARA SUAS INVESTIDAS CONTRA O ESTADO BRASILEIRO SOB OS ARGUMENTOS DE QUE SEUS COMPONENTES SAO VITIMAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA e COM ISSO JUSTIFICAR SEUS MODUS OPERANDI.
  • Gardiel 19/02/2024
    O povo que criou o “Mimimi” adora um “Mimimi”! Povo chato!
  • Kelvin 19/02/2024
    Essa galerinha apela por qqr coisa com a esperança do Bozo voltar! Kkkkkk
  • Maria Aparecida Camargo Barbosa 19/02/2024
    Ha tenha santa paciência ne ? Jura ??? Com tudo que Bolsonaro falou quando era presidente se fingiram de surdos. Hipocrisia hein? Lula ta certo e foi corajoso.
  • Tati 18/02/2024
    Olha o gorpeeeee! Kkkkk essa corja não cansa! Deus nos livre e proteja!
  • Kali 18/02/2024
    Esses Bolsonaristas não sabem interpretar e tb não sabem história! Muitas crianças e mulheres estão impedidas de saírem de Gaza e elas não tem nada a ver com o terrorismo, porém, correm o risco de morrerem pelos os ataques de Israel. E há indícios que Israel não está respeitando o tratado de guerra que é o de capturar soldados e fazer acordo entre eles pra sua soltura, porém, Israel está matando crianças e mulheres sem distinção... e as crianças q ficam órfãs, são proibidas de saírem de lá e estão passando fome e correndo o risco de morrerem nos bombardeios que Israel está fazendo! E essas crianças serão futuramente cooptadas pelos os terroristas, pois só haverá ódio dentro delas... Paz entre Gaza e Israel... Não repitam o Holocausto de modo inverso!