ECONOMIA

Bolsa sobe e dólar cai com mercado reagindo à divulgação das novas regras fiscais

Às 12h55 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 1,48%, a 103.300 pontos; dólar comercial à vista recuava 0,31%, a R$ 5,119

Por Renato Carvalho | 30/03/2023 | Tempo de leitura: 4 min
da Folhapress

O dólar apresenta queda mais modesta, depois de chegar a bater em R$ 5,07 no começo do dia
O dólar apresenta queda mais modesta, depois de chegar a bater em R$ 5,07 no começo do dia

Depois de subir mais de 2% no inicio do pregão, a Bolsa desacelerou, mas continua em alta no início da tarde desta quinta-feira (30), após a apresentação das novas regras fiscais pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O dólar apresenta queda mais modesta, depois de chegar a bater em R$ 5,07 no começo do dia.

Às 12h55 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 1,48%, a 103.300 pontos. O dólar comercial à vista recuava 0,31%, a R$ 5,119.

Nos mercados futuros, os juros apresentam quedas mais acentuadas nos vencimentos mais longos. No vencimento em janeiro de 2024, a taxa sai de 13,22% do fechamento desta quarta-feira (29) para 13,18%. Nos contratos para janeiro de 2025, os juros caem de 12,16% para 12,06%. Para janeiro de 2027, a taxa sai de 12,29% para 12,19%.

A nova regra fiscal proposta pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê um crescimento real das despesas entre 0,6% e 2,5% ao ano. Esses são o piso e o limite máximo de avanço dos gastos.

O desenho também prevê um patamar mínimo para investimentos, atendendo a uma preocupação política do PT de que esses gastos não sejam comprimidos ao longo do tempo.

O governo propõe que o crescimento das despesas federais seja limitado a 70% do avanço das receitas projetado para o mesmo ano, segundo informações obtidas pela Folha de S.Paulo.

Na prática, o governo pretende trabalhar com uma nova trava para as despesas, que cresceriam em ritmo menor do que a arrecadação, de forma a fazer as contas melhorarem nos próximos anos e saírem do vermelho.

A equipe econômica do governo prometeu entregar um déficit menor nas contas públicas em 2023, equivalente a 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

O dado indica que Haddad almeja um ajuste mais ambicioso do que vinha sendo sinalizado até então, que era um rombo de até 1% do PIB.

Haddad adiantou que a fórmula proposta pelo governo não é uma "bala de prata" para resolver a situação das contas públicas. "Isso aqui não é uma bala de prata que resolve tudo. É o começo de uma longa jornada. Mas esse é o plano de voo", disse.

Para Fabrício Gonçalvez, presidente da BOX Asset Management, afirma que o projeto traz mais estabilidade e previsibilidade para os agentes de mercado.

"Os investidores terão maior clareza sobre os gastos e possíveis investimentos, o que permitirá que eles ajustem seus investimentos de acordo com as novas regras", afirma Gonçalvez. Ele acredita que o novo arcabouço pode atrair mais recursos estrangeiros, ajudando também o câmbio.

Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, classifica como "sensatas" as falas de Haddad durante a coletiva de imprensa. "O que ainda precisamos ver é se a visão que ele apresenta será seguida pelo PT. Acredito que vai depender muito do Congresso, de onde sairá a versão que será realmente executada".

Ao mesmo tempo em que Haddad anunciava os detalhes das novas regras fiscais, o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, dava uma coletiva após a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação.

Em meio às críticas do governo Lula sobre o atual patamar da taxa básica de juros Selic, Campos Neto, afirmou que a autarquia é um "órgão técnico" e que, por isso, "não deveria se envolver em termos políticos".

Segundo ele, o BC tem hoje um bom relacionamento com o Ministério da Fazenda. Campos Neto afirmou ainda que tem "convicção" de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está "bem-intencionado".

Nos Estados Unidos, os índices de ações sobem após alguns dados econômicos, com os investidores projetando que os juros estão próximos de atingir um pico.

Às 12h55 (horário de Brasília), o Dow Jones apresentava alta de 0,12%. O S&P 500 subia 0,48%. O Nasdaq registrava avanço de 0,73%.

O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou moderadamente na semana passada, sem mostrar sinais de que o aperto nas condições de crédito esteja tendo um impacto significativo no mercado de trabalho.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 7 mil na semana encerrada em 25 de março, para 198 mil em dado ajustado sazonalmente, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 196 mil solicitações.

A resiliência do mercado de trabalho está ajudando a afastar uma recessão. Em um segundo relatório desta quinta-feira, o Departamento de Comércio dos EUA confirmou que a economia cresceu em um ritmo sólido no quarto trimestre.

O PIB (Produto Interno Bruto) aumentou a uma taxa anualizada de 2,6% no último trimestre de 2022, disse o governo em sua terceira estimativa do PIB do período. O dado sofreu revisão para baixo em relação ao ritmo de 2,7% relatado no mês passado.

Economistas esperavam que o crescimento do PIB não seria revisado.

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