PROIBIÇÃO

Escola dos EUA proíbe canção sobre diversidade de Miley Cyrus e Dolly Parton

Os EUA vivem uma onda de limitações no debate a na liberdade acadêmicos que vai do ensino básico ao universitário em diversos lugares.

30/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Folhapress

Reprodução/Miley Cyrus/Facebook

Alguns pais da turma de 24 alunos se manifestaram afirmando que a música representa esperança, não uma agenda política.
Alguns pais da turma de 24 alunos se manifestaram afirmando que a música representa esperança, não uma agenda política.

Professores, alunos e alguns pais ficaram frustrados após uma escola de Waukesha, no estado americano de Wisconsin, proibir que uma turma de estudantes da primeira série apresentasse a canção "Rainbowland" (terra do arco-íris) em um evento sobre a primavera.

O assunto veio à tona e gerou amplo debate após a professora Melissa Tempel, que organizava o evento com a turma, falar nas redes sociais sobre a proibição. O caso, afinal, não é isolado. Os EUA vivem uma onda de limitações no debate a na liberdade acadêmicos que vai do ensino básico ao universitário em diversos lugares.

No caso dos estudantes de Waukesha, há um fator a mais: o distrito escolar impôs uma nova política no ano passado que obriga a retirada de cartazes e bandeiras do orgulho LGBTQIA+ das escolas, por considerá-los conteúdos polêmicos na área da educação.

Sabendo da medida, Tempel resolveu comunicar à direção da escola sobre a escolha da canção, lançada em 2017 e de autoria de Miley Cyrus e Dolly Parton. A letra da música fala sobre a vontade de fazer a diferença no mundo por meio da aceitação da diversidade ?era essa justamente a mensagem que Tempel trabalhava com seus alunos.

Então, veio a negativa dos superiores. Questionado pelo jornal americano The Washington Post, o superintendente do distrito escolar de Waukesha, James Sebert, disse em uma carta que a decisão foi tomada porque a canção poderia ser um ponto de intensa discussão pública e desaprovação de alguns familiares.

Tempel, por sua vez, relatou que a ideia de interpretar "Rainbowland" era descrever a utopia de um mundo no qual todos são livres para ser exatamente o que são. "Não havia nenhum motivo para pensarmos que a canção não seria permitida", afirmou. "Quero dizer, é uma música da Dolly Parton! E amamos Dolly."

Alguns pais da turma de 24 alunos se manifestaram afirmando que a música representa esperança, não uma agenda política. Os estudantes também apresentariam outras canções, como "Es Un Mundo Pequeño" (versão em espanhol de "It?s a Small World") e "Here Comes the Sun", dos Beatles.

Nos últimos anos, diversos estados e cidades americanos, em sua maioria liderados por políticos do Partido Republicano, aprovaram medidas para limitar debates sobre raça, gênero e sexualidade em sala de aula, sob o argumento de que as discussões visavam a doutrinar os alunos.

O movimento foi impulsionado no período de Donald Trump na Casa Branca (2017-2021) e, mesmo após a saída do republicano do cargo, permaneceu como um fenômeno consolidado e que preocupa professores e especialistas da área da educação.

Hoje, um dos maiores defensores da limitação da liberdade acadêmica é o governador da Flórida, o também republicano Ron DeSantis. Em recente discurso para marcar suas metas de segundo mandato ?ele foi reeleito nas últimas midterms, em novembro passado?, sinalizou que alçará as chamadas "guerras culturais" como prioridade.

DeSantis é, ainda, um dos principais nomes do Partido Republicano cotados para disputar a corrida pela Casa Branca em 2024.

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