VEXAME

Torcedor que invadiu campo com filha no colo para brigar responderá a dois inquéritos

O torcedor responderá por 'submeter a filha a vexame e constrangimento', cuja pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão.

Por Cauê Fonseca | 27/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min
da Folhapress

Reprodução/Twitter

O torcedor deixou o estádio sem ser detido pelas autoridades.
O torcedor deixou o estádio sem ser detido pelas autoridades.

Dois inquéritos foram instaurados pela Polícia Civil gaúcha para investigar a conduta do torcedor do Internacional que, carregando uma criança no colo, invadiu o gramado do Beira-Rio para brigar ao final do jogo contra o Caxias, na noite de domingo (26), pela semifinal do Campeonato Gaúcho.

Ao final da partida, que terminou com desclassificação do Inter em cobrança de pênaltis, o homem de 33 anos entrou no gramado com sua filha de 3 anos no colo e chutou por trás o jogador Dudu Mandai, que comemorava a vaga na final. Após ser contido por seguranças e atletas do Caxias, ele ainda agrediu um cinegrafista da RBS TV. O torcedor deixou o estádio sem ser detido pelas autoridades.

A identidade do homem está sendo omitida em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, para que também seja preservada a identidade da menina. Sabe-se que ele é morador de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, era sócio do Inter e membro de uma torcida organizada.

Na esfera criminal, o torcedor responderá por "submeter a filha a vexame e constrangimento", cuja pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão. Conforme a delegada Sabrina Teixeira, da 2ª DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente) de Porto Alegre, a polícia deseja investigar as circunstâncias em que a menina foi parar em um jogo de futebol na área das torcidas organizadas.

Já o segundo inquérito foi aberto na 2ª Delegacia da Polícia Civil, onde o cinegrafista Gabriel Bolfoni registrou ocorrência, e estão a cargo do delegado Vinícius Nahan. Segundo ele, a investigação é do crime de lesão corporal leve e não abrangerá as agressões aos jogadores do Caxias -a não ser que eles representem contra o torcedor.

Inicialmente, o rapaz havia sido intimado a depor na 2ª DPCA às 15h de segunda-feira (27), mas, conforme a polícia, foi negociado para que ele depusesse aos dois delegados ao mesmo tempo. Ele chegou à delegacia às 16h45 acompanhado de duas mulheres e não falou com a imprensa.

Em razão da família residir no município, o caso mobilizou a 2ª Promotoria de Justiça Cível de Canoas, responsável pela área da infância e da juventude. Conforme o promotor João Paulo Fontoura de Medeiros, o MP vai verificar primeiramente se os pais da criança têm a devida noção da gravidade do caso e se a criança está atualmente em situação de risco.

A depender do caso, o MP pode buscar medidas protetivas e acionar o Conselho Tutelar. Conforme a coordenadora-geral dos conselhos tutelares de Canoas, Flávia Gonçalves, servidores do órgão já sabem a região em que o homem reside e que a criança está sob cuidados da mãe, mas o conselho não foi oficialmente acionado para tomar alguma providência.

Na tarde desta segunda-feira (27), o Inter divulgou nota dizendo que o clube "está colaborando nas frentes de investigação a criminal" e que, no âmbito interno, o torcedor teve suspensos acesso ao estádio e a sua participação no quadro social por tempo indeterminado. Seu caso será encaminhado ao conselho de ética do clube. O texto diz ainda que a menina segue bem-vinda ao estádio.

É o segundo ano consecutivo em que jogos do Campeonato Gaúcho no Beira-Rio são marcados por episódios de violência. Em 26 de fevereiro de 2022, o ônibus do Grêmio foi apedrejado a caminho do estádio. O jogador Villasanti foi ferido na cabeça, e o Gre-Nal acabou adiado em razão do episódio. Semanas depois, em 19 de março, no clássico que abriu as semifinais daquele ano, o volante Lucas Silva, do Grêmio, foi atingido por um telefone arremessado em seu rosto enquanto comemorava um gol.

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