Economia

BC mantém juros e encerra ano com Selic em 13,75%

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve o patamar dos juros inalterado pela terceira reunião consecutiva.

Por Nathalia Garcia | 07/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Folhapress
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BC mantém juros e encerra ano com Selic em 13,75%
BC mantém juros e encerra ano com Selic em 13,75%

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve o patamar dos juros inalterado pela terceira reunião consecutiva nesta quarta-feira (7) e vai encerrar 2022 com a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.

No comunicado, o colegiado do BC fez um alerta para os riscos fiscais e repetiu o aviso de que "não hesitará em retomar o ciclo de aumento de juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", podendo ajustar seus passos futuros.

"A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos riscos. O comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva", disse.

As turbulências recentes no cenário fiscal relacionam-se, sobretudo, à PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição, que prevê cerca de R$ 168 bilhões de despesas para bancar promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto deve ser votado nesta quarta no Senado.

O impacto dos gastos na inflação e nas contas públicas, assim como a indefinição quanto ao novo arcabouço fiscal, geram temor entre analistas e investidores.

Apesar do alerta sobre a questão fiscal, o BC manteve o balanço de riscos para a inflação simétrico. Entre as condições que puxariam os preços e as expectativas para cima, destacou mais uma vez a persistência das pressões inflacionárias globais, a elevada incerteza sobre o arcabouço fiscal e a pressão vinda da economia menos ociosa, em particular do mercado de trabalho.

Na direção contrária, ressaltou a queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local, a acentuada desaceleração da atividade econômica global e a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023.

A autoridade monetária reforçou a mensagem de que se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período "suficientemente prolongado" será capaz de assegurar o controle da inflação.

Após ser elevada para 13,75% em agosto, a taxa foi mantida nesse patamar nas reuniões de setembro, outubro e de dezembro. O ciclo de aperto monetário (alta da Selic) foi interrompido depois de o BC ter promovido o mais agressivo choque de juros desde a adoção do regime de metas para inflação, em 1999.

Foram 12 aumentos consecutivos, com elevação de 11,75 pontos percentuais, no período entre março de 2021, quando a Selic saiu de seu piso histórico (2%), e agosto deste ano.

A decisão do Copom veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que a Selic continuaria estável em 13,75%. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a expectativa unânime entre os economistas consultados.

Frente às despesas adicionais do governo, os analistas têm revisado suas estimativas de inflação. Segundo o Focus, a projeção do mercado para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu para 5,92% em 2022.

Em 12 meses, o IPCA acumulou alta de 6,47% até outubro, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para este ano, há consenso de que a inflação deve estourar a meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3,5% ?com flexibilidade de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Para 2023, as expectativas atingiram 5,08% e já se encontram acima do máximo permitido no intervalo de tolerância (4,75%). A previsão para 2024 se mantém estável em 3,5% ?acima do centro da meta (3%).

No cenário de referência do Copom, as projeções de inflação subiram de 5,8% para 6% para este ano e de 4,8% para 5% para 2023. Para 2024, o colegiado elevou a previsão de 2,9% para 3%.

Em relação à atividade econômica, o BC observou que a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) apontou um ritmo de crescimento mais moderado no terceiro trimestre. "O conjunto dos indicadores mais recentes corrobora o cenário de desaceleração esperado pelo Copom", afirmou.

O Copom volta a se reunir nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2023 para calibrar o patamar da Selic. No ano que vem, o colegiado do BC terá 2024 na mira, considerando a defasagem dos efeitos da política monetária sobre a economia.

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