VIOLÊNCIA

Foto de 'Matador da Bíblia', que matou 2 e feriu 8, já circulava antes de crimes

Por Thais Perez | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Foto de homem circulou em grupos
Foto de homem circulou em grupos

Celso Oliveira, homem que matou duas pessoas e deixou oito feridas no final de semana passado na zona sul de São José dos Campos, já havia chamado a atenção de moradores da região há alguns dias. De acordo com os relatos, ele passou por bares e adegas dos bairros Campo dos Alemães e Jardim Imperial, perguntando onde haveriam biqueiras (lugares onde se vendem drogas) na região. Por causa da pergunta e de seu comportamento anormal, uma foto do acusado circulou em grupos do Whatsapp do homem. Entre a madrugada de sábado e a noite de domingo, ele praticou duas tentativas de chacina em um intervalo de 43 horas.

"Ninguém aqui da adega conhecia ele. Não temos briga com ninguém. Estamos tentando entender o que aconteceu", disse Vinícius Gabriel, proprietário da adega, que não estava no local na hora do ataque. Ele reconheceu Celso após ele ter sido preso. "Já tinha recebido a foto dele em grupos no Whatsapp", completa.

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O fim de semana de fúria teve início na madrugada de sábado (6), por volta das 2h30, quando duas pessoas foram mortas e quatro baleadas no Campo dos Alemães, na zona sul. As vítimas estavam em frente a uma escola do bairro, na rua Albertina Pereira Lima, quando foram atingidos por disparos de arma de fogo. Um adolescente de 16 anos e um homem de 47 morreram na ação.

No domingo, às 22h, o atirador estacionou a moto e parou em frente a uma adega no Jardim Imperial, mesmo bairro onde mora. Ele carregava uma Bíblia embaixo do braço e testemunhas disseram acreditar que tratava-se de um pastor. Subitamente, ele vestiu a touca preta e abriu fogo contra os frequentadores, atirando sem alvo definido. Quatro pessoas foram baleadas.

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De acordo com a polícia, ele carregava consigo uma carteira de identidade funcional da Polícia Militar, que era falsa. A Polícia Civil afirma que ele trabalhava como segurança de forma clandestina. No momento do crime, ele carregava uma camiseta amarela, do Brasil.

COMPORTAMENTO.

Ao ser preso, o homem argumentou que estava tentando proteger o irmão, que é dependente químico de traficantes. O homem que vendeu a arma para o 'Matador da Bíblia' disse que soube do interesse dele em comprar o armamento através dos contatos que tem dentro do clube de tiro. Desta forma, decidiu vender a arma Taurus, calibre 357, ao indiciado.

Às autoridades policiais, o vendedor da arma declarou haver se certificado de que o comprador tinha a documentação para participar do clube e também Certificado de Registro. O vendedor ainda disse ter se precavido a respeito do laudo psicológico e do comprovante de capacidade técnica de manuseio de arma de fogo, que teriam sido apresentados pelo atirador.

Ainda segundo a polícia, o vendedor afirmou aos investigadores ter celebrado o contrato particular de compra e venda e feito o registro em cartório da negociação. Não houve a participação de advogado ou de lojista de arma de fogo como testemunhas celebração do contrato entre as partes. Para o vendedor, o comprador da arma disse que iria deixá-la guardada em um cofre.

No domingo à noite, depois de atirar contra frequentadores da adega, ele foi preso em um bar por policiais militares. Celso chegou ao local, de propriedade do antigo dono da arma, sentou-se e conversou com o proprietário do local. Instantes depois, os policiais chegaram e abordaram o indiciado.

O vendedor da arma não sabe porque o suspeito esteve no estabelecimento comercial e acredita que tenha ido ao local para se servir de alguma coisa. Ele ainda disse que não mantém contato com o atirador e na oportunidade em que conversaram o suspeito pediu uma vaga de emprego para uma pessoa conhecida dele. O vendedor frisou não ter conhecimento das ações promovidas pelo atirador e disse que ele estava 'afoito'.

REDES SOCIAIS.

Ele realizou duas tentativas de chacina na zona sul da cidade. Em uma delas, no bairro Campo dos Alemães, ele matou duas pessoas e deixou outras quatro feridas. O primeiro ataque aconteceu na noite deste sábado, dia 5 de novembro. Durante a madrugada de domingo, às 4h38, ele mudou sua foto de perfil para uma caveira com a bandeira nacional.

A foto anterior utilizada por ele na rede social mostrava-o utilizando uma camiseta azul, calça social, carregando uma bíblia no braço — a mesma que ele segurava quando cometeu os crimes.

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