30 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Retrospectiva econômica de 2025


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O ano de 2025 ficará marcado por um cenário de crescimento moderado para a economia brasileira. A taxa básica de juros em patamar bastante restritivo (15%) ao longo de todo o período impactou o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Além disso, a reviravolta verificada no comércio internacional, resultado das tarifas impostas pelos Estados Unidos, trouxe elevada dose de incerteza para os mercados globais.

Depois do ligeiro crescimento econômico (0,1%) verificado no terceiro trimestre do ano, a expectativa da Fiesp é que 2025 termine com um avanço no PIB de 2,3%. É um freio significativo em comparação com o registrado em 2024 e 2023 – 3,4% e 3,2%, respectivamente.

O desempenho anual foi influenciado pela política monetária apertada, que esfriou a economia e continua afetando os setores mais sensíveis aos juros, como o varejo dependente do crédito e a indústria. Os segmentos industriais de transformação e da construção, por exemplo, passaram o primeiro semestre inteiro no terreno negativo. 
Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram ainda que o índice de confiança da indústria apresentou expressiva piora ao longo de 2025. Apenas entre julho e setembro, o índice acumulou queda de 6,3 pontos, com piora tanto da percepção dos empresários acerca da situação atual quanto das expectativas para os próximos meses. Esse quadro também tem sido acompanhado pela redução do nível de utilização da capacidade instalada, o que reforça a complexidade do ambiente macroeconômico para o setor industrial.

Impactos da desaceleração da indústria já são percebidos como risco para o investimento em modernização da estrutura produtiva, dificultando avanços em produtividade, inovação e competitividade global.

Por isso, depois de um avanço expressivo no ano passado (3,9%), estima-se que a indústria de transformação finalize 2025 com um crescimento fraco, de 0,1%, seguido por uma retração de 0,6% em 2026, mesmo com a esperada flexibilização da política monetária prevista para ocorrer no primeiro trimestre do próximo ano.

O mercado de trabalho, em contrapartida, permaneceu aquecido, com o desemprego em mínimas históricas (5,4%). Como consequência, o consumo das famílias – um importante vetor de estímulo econômico – continuou a crescer, apesar de ter desacelerado no segundo semestre. A inflação também se tornou uma surpresa positiva, com os preços cedendo diante de um dólar mais fraco e finaliza o ano na banda superior da meta.

O ano de 2025 foi marcado ainda por tensões geopolíticas e menor crescimento global, com a guinada no comércio exterior que ocorreu nos Estados Unidos na presidência de Donald Trump.

A nova política tarifária norte-americana colocou por terra consensos de 80 anos construídos pelo multilateralismo do pós-guerra, que entrou em declínio na ordem mundial atual, baseada na rivalidade econômica e tecnológica entre EUA e China.

O Brasil, especificamente, foi um dos países mais prejudicados pelas tarifas de importação impostas pelo governo Trump. Por razões políticas, em julho, boa parte dos produtos brasileiros passaram a ter taxaçao de 50%, o patamar mais alto do mundo entre as nações que fazem comércio com os EUA.

A distensão entre os dois países só começou em setembro, após um encontro quase fortuito do presidente Lula com o presidente Trump, nos bastidores das Nações Unidas, no qual a “química” entre os dois líderes deu o tom.

Em resumo, o ano terminou melhor do que as expectativas iniciais, em termos de inflação e crescimento, mas os juros muito elevados penalizaram a atividade produtiva, desacelerando a economia.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP