20 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Os dias seguintes do Vendaval


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Em contínuo movimento e, cada vez mais confirmado, os efeitos climáticos extremos não batem à sua porta, mas descobrem telhados, derrubam árvores nas casas e sobre elas. Reflexos de toda ordem, de longe e de perto, dos desmatamentos e dos combustíveis fósseis. E são as cidades que pagam a conta. Em São Paulo, centenas de árvores foram ao chão!

A Enel, com sua ineficiência comprovadamente desde 2023 e também demonstrada ao vivo, evidenciou a incapacidade de lidar com o pós-evento extremo. No dia seguinte, os caminhões e guinchos com os necessários equipamentos lotavam os pátios, parados, na maior prova de que não funcionam e que tem boi na linha de energia. Todo mundo viu! Uma vergonha confirmada pelo povo e pelo Ministério Público. O governador e o prefeito se justificando. Mas como? Foi o fim da Enel.

Árvores são cortadas com autorização e sabemos que são elas as que reduzem a temperatura nessas ilhas de calor formadas e contribuem para essas mesmas áreas que serão vitimadas por eventos climáticos anormais. Mesmo as cidades que estão com uma boa conta verde, não serão poupadas. Ainda bem que por aqui, o dano foi menor, mas o exemplo paulistano, a poucos quilômetros, está alertando como se fosse presságio do que pode vir a qualquer momento.

Outra coisa que fica são as notícias velhas, não tão velhas, mas que são absolutamente atuais. Relendo no Valor de 21 de novembro, está lá em entrevista de Richard Choularton, diretor de clima e resiliência do Programa Mundial de Alimentos da ONU, que o Brasil é a segunda região mais exposta da América Latina a desastres naturais, e que por estar localizado nos trópicos, têm mais impactos significativos de eventos climáticos extremos.

O que é perigoso também são as informações que circulam nas redes sociais, apontando soluções que não têm respaldo urbanístico, mas em muitos lugares a necessidade de fazer o adensamento é o que está em xeque.

No último dia 15, também na Folha de São Paulo, saiu a publicação –que não é novidade, de que Santos é a cidade que tem a maior concentração de prédios do litoral e consequentemente a pior área de calor urbano, decorrente do aquecimento global. Essas conclusões fazem parte de uma pesquisa desenvolvida pela USP e outros colaboradores, e que já anuncia projeto de plantio de 23 mil árvores e matas urbanas no programa da prefeitura.

Em Jundiaí, o Projeto Resfria, convênio entre a prefeitura, a FAPESP e a PUC-Campinas está em andamento, mas sem resultados parciais disponíveis online; não tive acesso ao projeto nem ao diretor do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Planejamento de Jundiaí.

Esse final de ano resultou em danos à saúde e à economia, o que parece ofuscar o espírito natalino, mas que venham mudanças, ações e práticas para que o ano novo tenha um decorrer melhor para todos.

Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista