13 de dezembro de 2025
JUNDIAÍ

Crise interna gera incertezas sobre futuro da bancada do PL

Por Felipe Torezim | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 4 min
Samuel Silva/JJ
Vereadores eleitos pelo PL divergem, mas demonstram descontentamento com a condução do partido em Jundiaí

O Partido Liberal (PL) terminou as eleições municipais de 2024 com um saldo positivo e elegeu seis vereadores para a Câmara Municipal, formando a maior bancada da atual legislatura. Uma crise interna, porém, gera um período de instabilidade e descontentamento e uma incerteza sobre o futuro do partido. Dos seis vereadores eleitos, parte já admite publicamente a intenção de deixar a sigla, enquanto outros expressam insatisfação com a condução do partido no município, especialmente sob a liderança do presidente municipal, Adilson Rosa.

O vereador Rodrigo Albino confirma que está buscando a liberação neste momento e busca a filiação com o partido Novo. Vale ressaltar que Antônio Carlos Albino, pai de Rodrigo, é o atual coordenador regional do partido. “Hoje, infelizmente, o PL em Jundiaí segue um projeto pessoal, centralizado em uma única figura, e não mais em um modelo de gestão, governabilidade e princípios alinhados à verdadeira direita. O PL local abandonou aqueles que honraram a sigla, especialmente nós vereadores que defendemos o partido na eleição e na presidência da Câmara”, afirma Rodrigo.

Rodrigo Albino acredita que o PL local segue um projeto pessoal 

Ele conta que, passada a eleição, ficou evidente que o foco da direção municipal não é o avanço da direita, mas sim a disputa de poder, concentrada em conveniências internas e em torno de uma única vereadora. “O movimento de direita não pertence a uma pessoa, muito menos a um partido isolado. A direita é um conjunto de valores os meus são inegociáveis. Por isso, e após analisar com serenidade, devo seguir para o Novo, um partido que também integra a direita e preserva fundamentos que acredito e defendo”, completa.

O vereador Tiago Elion segue a mesma linha. Segundo ele, é um desejo conseguir a liberação e a saída do partido, mas não mantém diálogos com a presidência, pois sabe da dificuldade em ter êxito. "Hoje, o PL está complicado justamente por causa do presidente. Basta ver o que foi feito no início do ano, quando fomos expostos nas redes sociais de maneira ridícula e tratados como "traidores". Gosto do PL, me identifico com os ideais, tenho os meus posicionamentos bem esclarecidos, mas estamos insatisfeitos com a condução em nossa região."

Tiago Elion relembra exposição em redes sociais e está insatisfeito com a condução

Descontentamento

Outro integrante da bancada, o vereador João Victor, admite que também está insatisfeito com a condução partidária, mas evita anunciar uma decisão. “Está muito cedo para tratar desse assunto, sobre saída ou permanência na legenda neste momento. Porém, reitero meu descontentamento com a direção partidária municipal.”

João Victor evita falar em saída, mas ressalta descontentamento com a direção do PL 

Líder da bancada, o vereador Leandro Basson tenta adotar um tom conciliador. Ele reconhece que há ruídos internos, mas diz que não pretende deixar o partido: “O PL está sendo reorganizado na região e alguns filiados estão insatisfeitos com alguns pontos. Porém, sou líder da bancada do PL na Câmara dos Vereadores e não tenho a intenção de sair. Quero ajudar a reestruturar o partido na região.”

Leandro Basson é líder da bancada da Câmara e quer ajudar na reconstrução do partido 

Madson Henrique acredita ser muito cedo para falar dessa questão partidária, uma vez que a janela para trocar de partido é apenas em 2028 e relembra a ida ao PL após a confirmação da ida do ex-presidente Bolsonaro, porém, dá a entender que a relação está desgastada. "Vamos aguardar. Se a relação até 2028 ficar como está, certamente não há possibilidade para que eu permaneça no partido", afirma.

Madson Henrique diz que, se relação continuar como está, não permanecerá no partido

A vereadora Quézia de Lucca foi procurada e preferiu não se manifestar. O presidente Adilson Rosa também foi procurado e não retornou até o fechamento desta edição.

Impacto nacional

Para o doutor em Filosofia do Direito Walter Celeste, o que acontece em Jundiaí é reflexo de uma reorganização maior da direita brasileira após o enfraquecimento político de Bolsonaro. “Para os filhos do Bolsonaro, não existe direita e movimento conservador sem o Bolsonaro. Porém, isso não é verdade. A direita sempre foi muito forte no país, mas nunca organizada apenas dentro de um partido. O que o Bolsonaro fez foi aglutinar isso dentro do PL”, avalia.

Mesmo com o declínio da figura de Bolsonaro, Celeste afirma que o partido continuará relevante no cenário nacional. “O PL continua forte em todo o território e não vai ruir. Apesar de Bolsonaro estar sepultado no cenário político, o bolsonarismo segue forte. Provavelmente, a direita irá se organizar em vários partidos e, nesse cenário, o Novo surge muito forte, mas o PL segue ativo.”