13 de dezembro de 2025
RMJ

Segurança pública se torna eixo central e domina debate eleitoral

Por Felipe Torezim | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/PMJ
Segurança pública domina os assuntos mais preocupantes para as próximas eleições

A segurança pública tornou-se um dos principais eixos de debate na Região Metropolitana de Jundiaí (RMJ). Apesar de avanços registrados nos indicadores criminais e de maior integração entre forças policiais, a sensação de insegurança persiste entre os moradores e o tema deverá ganhar muito destaque nas próximas eleições.

Os dados mais recentes da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos revelam que a violência contra a mulher segue sendo um ponto crítico. Jundiaí registrou 100 denúncias e 673 violações, seguida por Várzea Paulista (23 denúncias e 107 violações), Campo Limpo Paulista (21 denúncias e 123 violações) e Itupeva (23 denúncias e 100 violações). Municípios como Jarinu, Cabreúva e Louveira apresentam números mais baixos.

No recorte da criminalidade geral, os números da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que Jundiaí concentra as maiores ocorrências da RMJ, reflexo direto de sua maior população e atividade econômica. A cidade registrou 13 homicídios dolosos de janeiro a setembro de 2025,  enquanto Várzea Paulista teve cinco e municípios como Jarinu nenhum. Nos roubos — que incluem carros, cargas e estabelecimentos — Jundiaí contabilizou 562 casos, seguida de Campo Limpo Paulista (147) e Várzea Paulista (119). Já os furtos continuam sendo o crime de maior incidência: Jundiaí soma 3.437 registros, em contraste com 684 de Várzea Paulista e 495 de Campo Limpo Paulista.

Para o secretário municipal de Segurança Pública, Guilherme Balbino Rigo, a região vive “um momento decisivo”, marcado por avanços na produtividade das forças policiais e na integração entre os órgãos estaduais e federais. Segundo ele, a estratégia adotada em Jundiaí está fundamentada em duas bases teóricas: a econômica do crime, que considera a racionalidade na decisão de cometer delitos, e a ecológica, que enfatiza a influência do território.

Rigo destaca investimentos em monitoramento, revitalização urbana e expansão de programas como o Patrulhamento Comunitário, a Ronda Rural, o Centro da Gente e o Ludicidadania. “Ambientes degradados e desorganizados produzem mais oportunidades para delitos”, afirma. O secretário também cita a ampliação dos poderes institucionais da Guarda Municipal como marco regulatório “inédito” no município.

Segundo ele, a segurança pública emergiu como uma das prioridades populares na consulta que orienta o PPA 2026–2029. “A sociedade está mais exigente e menos tolerante a soluções improvisadas”, afirma. Mesmo assim, reconhece desafios como integração regional, intensificação da inteligência e atuação coordenada em áreas vulneráveis.

Entre os partidos

Segundo Rosaura Almeida, presidente do PT de Jundiaí, o partido defende uma cidade com serviços executados diretamente pelo Estado e com participação democrática ampliada. “Segurança pública é uma política social que alia a repressão ao crime à sua prevenção e à promoção da segurança como um bem subjetivo. As pessoas precisam ter a sensação de segurança”, diz. Para ela, o tema pode avançar com a execução dos trabalhos realizada exclusivamente por profissionais de carreira e com a implementação de um Sistema Único de Segurança Pública. 

Já o coordenador regional do Novo, Antônio Carlos Albino, reforça a importância da tecnologia e do aumento do efetivo, destacando a expansão da Guarda Municipal nos últimos oito anos. Para ele, o principal gargalo está nas leis penais, consideradas frágeis, e na necessidade de reforço da Polícia Civil e Militar, além do fortalecimento de todo um sistema. “A segurança pública envolve muitos setores, então não adianta só falar na segurança sem abordar todo um sistema que envolve economia, educação, saúde, assistência social, além de investimentos na primeira infância”, avalia.  

A presidente do PSOL Jundiaí, Cintia Vanessa, faz críticas à atual condução da segurança no município, que classifica como “reativa, tradicional e midiática”. Para ela, a divulgação de operações e equipamentos pesados, como fuzis e caveirão, cria uma falsa percepção de guerra urbana e desvia o foco de ações estruturais. Cintia reconhece os investimentos e as iniciativas como o Ludicidadania e ações voltadas à cultura da paz, mas aponta contradições: “O município fala em cuidado, mas promove armamento pesado”. Ela avalia que Jundiaí deve se atentar a subnotificações de violência e apostar em ações de prevenção integrada, articulando políticas de prevenção articuladas com juventude, cultura, esporte e assistência social. “Também é urgente descentralizar as políticas públicas e levar mais oportunidades para quem mais precisa”, completa.

O Jornal de Jundiaí buscou contato com demais partidos de direita da cidade, mas não recebeu um retorno.

Em 2026

Para o doutor em filosofia do direito Walter Celeste, o cenário nacional mostra que a segurança pública ocupa o topo das preocupações: “Pesquisas mostram que 40% dos brasileiros a colocam como prioridade”. Ele alerta, porém, para um risco crescente de modelos populistas que se afastam dos pilares do Estado Democrático de Direito. “O problema é a concepção de política pública de segurança”, afirma. Segundo Celeste, casos recentes no Rio de Janeiro sinalizam uma demanda por políticas de força sem planejamento, e o desafio para os candidatos será propor estratégias que equilibrem eficácia e respeito às garantias legais.