A atual legislatura marcou a volta da esquerda ao Legislativo de Jundiaí, após anos sem representantes desse campo político. Pela primeira vez, PT e PSOL dividem espaço na Câmara e buscam ganhar campo na cidade, de olho nas próximas eleições. O movimento foi reforçado, inclusive, pelo desempenho do PSOL nas últimas eleições, quando o partido teve a terceira candidatura mais votada para prefeito do município.
Para a presidente do PT em Jundiaí, Rosaura Almeida, as siglas compartilham princípios fundamentais. “Não consigo enxergar divergências, na verdade”, afirma. Segundo ela, PT e PSOL defendem políticas sociais robustas, protagonizadas pelo Estado, como saúde, educação e segurança, além de democracia, distribuição de renda e dignidade para trabalhadores. Rosaura destaca que, por sua experiência no Executivo, “o PT dialoga e negocia com setores mais amplos da sociedade”, buscando preservar e ampliar conquistas destinadas à população mais vulnerável.
A presidente do PSOL local, Cíntia Vanessa, concorda quanto às pautas sociais. “As convergências estão nas pautas humanistas na defesa da educação, da saúde, da moradia e no enfrentamento das desigualdades”, explica. Mas ressalta que a diferença está no método de atuação. “A diferença está na forma de atuação política. Enquanto alguns partidos optaram por uma relação mais próxima do governo local, negociando e indicando cargos de comissão, o PSOL mantém independência total, sem acordos ou indicações, para garantir uma atuação coerente, ética e comprometida com o interesse público.”
Na Câmara, essa proximidade se reflete principalmente em pautas federais e no enfrentamento à extrema direita. O vereador Henrique Parra (PSOL) afirma que “PT e PSOL são aliados nacionais e constroem uma importante frente popular e progressista, temos pontos em comum na luta por mais igualdade e fim das injustiças sociais. E essa convergência, na Câmara, tem se manifestado na defesa do governo federal, nos embates contra a extrema direita e na colaboração em pautas de interesse social.”
Procurada, a vereadora petista Mariana Janeiro não respondeu até o fechamento da edição.
Rosaura Almeida afirma que PT dialoga com setores mais amplos da sociedade
Próximos passos
Para o futuro, os partidos seguem caminhos paralelos. O PT defende ampliar a participação popular, com instrumentos como orçamento participativo, consultas públicas e planos construídos com a comunidade. Para Rosaura, a cidade ideal é aquela em que todas as pessoas se reconheçam e se sintam pertencentes, com serviços públicos executados diretamente por servidores de carreira respeitados e bem remunerados. “A excessiva rotatividade profissional dos serviços terceirizados faz com que se perca o conhecimento adquirido no contato com a realidade local”, conclui.
O PSOL, por sua vez, aposta no fortalecimento de lideranças vindas das periferias e dos movimentos sociais, para que a cidade seja representada por quem, de fato, “vive suas lutas”. “A cidade ideal é aquela que coloca a vida no centro onde quem vive de salário possa viver com dignidade, sem ser sufocado pelo alto custo de vida. Uma cidade que garanta moradia, transporte público acessível, escolas e saúde de qualidade em todos os bairros. Que seja antirracista, inclusiva e ambientalmente responsável. Uma cidade que valoriza o trabalhador, respeita as diferenças e constrói políticas com participação popular real”, garante.