13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

A essência que influência o sutil da vida


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“Essência — o que é essencial?” Quem sou “Eu”? Quem somos “Nós”? Para onde vamos?

Na procura da essência, o TEDX Jundiaí, realizado no dia 16 de outubro, ganhou força com exemplos de vida e ação, na voz dos palestrantes que abordaram diferentes pontos de vista sobre o assunto. Segundo a curadora, Tainan?Franco, o tema do evento teve como objetivo “convidar as pessoas a voltarem o olhar para dentro e compreenderem o que é verdadeiramente essencial em suas vidas, nas relações, no trabalho e na sociedade. Provocar uma reflexão sobre o que permanece quando tudo o que é superficial se dissolve. Pensar sobre propósito, autenticidade e valores fundamentais — tanto no nível pessoal quanto coletivo.”

A primeira a falar foi a monja budista, Gen Kelsang Chime, com “Respiração consciente”. Fez um pequeno exercício de meditação com o público, demonstrando que “essencial é respirar e estar presente”. Para a monja, “a prática da atenção plena durante a meditação não é fuga, mas ancoragem no real. É a serenidade que nasce da consciência, um lembrete de que equilíbrio emocional e clareza mental são pré-condições para qualquer ação significativa.”

Na sequência, o atleta e fisioterapeuta, Ivan França, trouxe “O movimento como essência”, compartilhando sua jornada de superação após um acidente que o afastou do esporte. Ivan diz que “ser vitorioso é permanecer em movimento, mesmo diante das adversidades. O corpo em ação torna-se símbolo da resiliência humana e da capacidade de transformar dor em propósito”.

Vivian Rio Stella propôs o rompimento com o ideal de “comunicação perfeita” e destacou que o essencial está em comunicar-se de forma humana e verdadeira, não impecável. Evidenciou a importância da escuta ativa, do olhar empático e a coerência entre o que se diz e o que se sente — pilares de uma comunicação assertiva e relacional. Segundo ela, “não há essência sem contexto”, citando o autor Van Dijk.

“A prática da escuta” foi tema da psicóloga Patrícia Galante, que contou três casos diferenciados, com desfechos inusitados que demonstram que o ato de escutar o outro é, antes de tudo, um exercício de humanidade e um gesto de reconhecimento. “Escutar é aceitar a presença do outro como legítima. Numa sociedade hiperconectada, a escuta é o elemento essencial que restaura vínculos e reduz conflitos.”

Felipe Schadt, jornalista, nos brindou com a experiência de “Educomunicação e protagonismo estudantil”, como caminho para formar cidadãos conscientes, participativos e criativos. Mais uma vez, o “essencial é dar voz” e está como essência nos relacionamentos sejam lá de qual natureza forem. “É primordial permitir que o aluno fale, produza e pense criticamente. Assim, resgatar o essencial da educação, a autonomia e o diálogo. O empoderamento pela palavra é quando a comunicação se torna instrumento de liberdade”, disse ele.

O encerramento teve como ápice o depoimento do guitarrista da Banda Sepultura Andreas Kisser, “Cuidar até o fim”. Em uma das falas mais emocionais da noite, o músico refletiu sobre os cuidados paliativos e a dignidade na finitude. Após viver de perto a doença e a perda de sua esposa, Andreas destacou que “o essencial é a presença e o cuidado nos momentos finais. A morte, tratada sem tabu, se torna um espelho para o que realmente importa: amar, cuidar, estar.”

O fio invisível da essência nos permeia, mesmo com tantas distrações externas. Você concorda?

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora