O debate sobre o fim da escala de trabalho 6×1, quando trabalhadores atuam seis dias consecutivos e têm apenas um dia de folga semanal, ganhou todo o país. Fruto de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 8/2025), de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL?SP), o projeto causa divergências entre o setor produtivo, trabalhadores e políticos. Recentemente, o texto avançou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e o Governo Federal promete intensificar a articulação pela aprovação. O Jornal de Jundiaí procurou os vereadores e suas respectivas equipes para entender o posicionamento de cada um.
Dika Xique Xique (Podemos) é a favor da proposta. “É fundamental que a gente lute por um trabalho mais justo. Quero que o trabalhador tenha tempo para a família, para o descanso e para viver a vida”, afirma. Romildo Antonio segue a mesma linha de pensamento. “O trabalhador tem que ficar mais tempo com a família, ter um pouco mais de lazer e descanso. A escala exaustiva faz com que as pessoas, quando ficam mais velhas, não tenham curtido a vida, pois se dedicou muito ao trabalho e pouco à família”, diz.
Dr. Kachan Jr. (Republicanos) também se posiciona favoravelmente à redução. “Acredito que escala 5x2 seria o ideal. Com momentos de descanso e contato com familiares o trabalhador teria mais qualidade de vida e até melhor rendimento no trabalho”, opina.
Henrique Parra (PSOL) é favorável à proposta e, inclusive, protocolou um PL que propõe proibir a utilização da escala 6×1 nas contratações realizadas pelo Poder Executivo do município. “Grande parte dos países já avançou com esse projeto e mostraram, na prática, que a economia não quebrou e não houve inflação, como muitos dizem que acontecerá. O que observamos, na verdade, é que o trabalhador tem mais qualidade de vida, bem-estar e, inclusive, ganho de produtividade e melhora no cenário econômico”, ressalta.
Discussão profunda
Rodrigo Albino (PL) diz ser favorável à proposta, mas ressalta a importância de haver um diálogo e negociação com o empregador. “A escala 6x1 é prejudicial ao trabalhador e hoje existem alternativas, como a 5x2 e a 12 horas por 36. Acredito que o ideal é que o ideal seja a negociação entre o empregado e o empregador seja o melhor caminho, para receber por dia ou horas trabalhadas, assim como acontece nos EUA, é o ideal e todos saiam ganhando, inclusive com menos pagamento de impostos e produtos mais baratos e atrativos.”
Já Faouaz Taha (PSD), avalia que seja necessário um alinhamento entre todas as partes. "Acredito que essa seja uma discussão necessária e complexa, tendo em vista a exaustão dos trabalhadores e, por outro lado, a realidade operacional de algumas empresas. Por isso, defendo que o debate sobre a escala 6x1 não seja unilateral e que envolva sim todas as partes interessadas: trabalhadores, empregadores, sindicatos e especialistas para que possamos encontrar um ponto de equilíbrio que promova tanto a sustentabilidade do negócio quanto a saúde e o bem-estar dos colaboradores."
Juninho Adilson (União), por sua vez, não vê a regulação, determinando o fim da escala 6x1, como um caminho, pois cada trabalhador conhece as suas necessidades. “Qualquer escala deve ser fruto de um acordo entre o empregado e o empregador, sempre respeitando a legislação trabalhista. O diálogo e o combinado entre as partes são as alternativas mais adequadas, garantindo liberdade econômica, geração de empregos e desenvolvimento do País."
Madson Henrique (PL) crê que a redução de jornada de seis para cinco dias pode parecer positiva, mas traz consequência sérias para a economia e trabalhadores. “Há uma redução de cerca de 33% na força de trabalho disponível, mantendo os mesmos salários. Isso eleva o custo do trabalho e gera aumento de preços, avanço da informalidade e até substituição de pessoas por máquinas”, afirma. “O caminho sustentável é o da negociação direta entre empregadores e empregados, com base na produtividade e na remuneração por hora trabalhada”, completa.
Os vereadores não mencionados na matéria preferiram não opinar sobre o tema, ou não responderam aos questionamentos.