06 de dezembro de 2025
OPINIÃO

O Bolão e a Neyde no SESC


| Tempo de leitura: 2 min

Em tempo da grande exposição da história do esporte em Jundiaí, aberta dia 3 outubro no SESC Jundiaí, é interessante destacar e lembrar os Jogos Abertos do Interior de 1953. Aconteceu aqui,mas não sem antes ter seus protagonistas:um grande contingente de incentivadores dos esportes foi mobilizado para tornar realidade.

Além de Lazinho, Lazaro Miranda, primeiro secretário de esporte e cultura de Jundiaí na gestão do prefeito Vasco Venchiarutti, Dr.Nicolino De Lucca, Dr.Lavoisier da França Silveira, Oswaldo Bárbaro e outros estavam empenhados em formar times e treinar atletas para a realização desses jogos.

O prefeito e arquiteto fez o que podemos acreditar ter sido a mais pioneira intervenção urbana e de arquitetura em Jundiaí, extremamente contemporânea: o “Bolão”. Vasco formado na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, mesma de Oscar Niemeyer, escola que marcou seus projetos, aplica aqui seus conhecimentos e faz um projeto urbanístico moderno que pouca gente sabe de sua autoria, mas que inclui a Avenida Jundiai, a ligação com a Anhanguera no trevo e o lago, o Parque de Exposições da Festa da Uva e o Parque Esportivo com o Bolão.

Tudo isso no mapa mostra a ousadia do projeto e sua qualidade. Resiste até nossos dias e funcionando, mas para os Jogos Abertos era preciso realizar tudo isso, e como prefeito fez com verbas obtidas em doações e vendas de cadeiras cativas para a construção do Bolão.

O projeto arrojado, com vãos livres que assustavam os mais desavisados; não esquecendo que a definição de arquitetura foi e é a arte de vencer o vão, com ele obtém prêmio do Governo do Estado em arquitetura no Salão de Belas Artes da época.

As histórias são muitas: as ferragens eram preparadas no terreno do Dr. Lavoisier na Leonardo Cavalcanti, dobradas e montadas para serem levadas já prontas para o canteiro de obras no Anhangabaú.

A construção, uma casca de concreto fundida com formas de madeira e pontaletes que formavam um paliteiro denso de escoras que provocavam na população medo que viesse abaixo, e de fato o estrondo que gerou com a remoção repercutiu na cidade inteira, como me relatou Rui Miranda Duarte, já falecido e um dos que ouviram e testemunharam esse feito. Não caiu! E foi inaugurado em 1953 para os jogos abertos do interior com o jogo de basquete feminino.

A primeira cesta oficial foi feita por Neyde Carlos Pereira em uma partida entre Jundiaí e Itatiba. Ela marcou 26 pontos neste jogo. Seu esporte inicial era o vôlei. Ela foi convocada de última hora para ingressar no time de basquete pelo então treinador Hélio Brayner que montou o time às pressas para que pudessem disputar o torneio.

A cesta tornou-se marco histórico para Jundiaí, parte da memória esportiva da cidade e que agora é relembrada na exposição “Cidade em Movimento” em cartaz no SESC Jundiaí até dia 22 de fevereiro de 2026.

Eduardo Carlos Pereira, é arquiteto urbanista, escreve quinzenalmente nesta coluna e é irmão da Neide (edupereiradesign@gmail.com)