Por muitos anos, falar de saúde esteve quase sempre associado a tratar doenças. Consultar um médico significava buscar solução para uma dor, um sintoma, um problema já instalado. Era como se a saúde fosse apenas a ausência de enfermidade e não uma construção diária. Nesse cenário, gastar com academia, alimentação de qualidade ou consultas preventivas era visto como algo supérfluo, até mesmo um luxo reservado a poucos. Porém, estamos diante de uma mudança de paradigma que está transformando a forma como a sociedade enxerga o cuidado com o corpo e a mente: o bem-estar não é moda e sim é a nova economia.
Hoje, cada vez mais pessoas percebem que saúde não pode ser tratada como despesa, e sim como investimento. Um investimento com retorno certo, muito mais valioso que qualquer aplicação financeira. Afinal, o que adianta acumular patrimônio material se não houver energia, vitalidade e autonomia para usufruir da vida? O wellness, termo de origem inglesa que significa bem-estar, abrange práticas integradas de saúde física, mental e energética e vem mostrando que cada decisão diária, seja a escolha por alimentos frescos e naturais, a prática regular de movimento, uma boa noite de sono ou um momento de autocuidado, funciona como um aporte no nosso “banco de vitalidade”. Quanto mais aportes fazemos, maior é o saldo de anos bem vividos, com liberdade e qualidade.
Esse raciocínio inaugura um novo olhar sobre a economia global. Não por acaso, estudos internacionais já apontam o setor de wellness como um dos que mais crescem no mundo, movimentando trilhões de dólares e empregando milhões de pessoas. Academias, centros de meditação, retiros, terapias complementares, alimentação orgânica, suplementos, tecnologia de monitoramento da saúde, todos esses segmentos refletem a ascensão de um mercado que vai muito além do consumo. Ele traduz a consciência coletiva de que investir em saúde é investir no futuro e de que o bem-estar é, sim, um ativo econômico.
Mas é importante ressaltar: wellness não se resume a produtos ou serviços. Ele está muito mais ligado a escolhas cotidianas do que a tendências passageiras. A verdadeira economia do bem-estar se constrói quando compreendemos que cuidar do corpo e da mente é, antes de tudo, construir patrimônio, um patrimônio único, intransferível, que nenhuma crise ou inflação põe a perder: a nossa saúde.
Saúde não é luxo, nem moda, nem vaidade. É liberdade. Liberdade para envelhecer com autonomia, para caminhar sem dor, para brincar com os netos, para cultivar memórias sem ser refém de medicamentos ou limitações físicas. É também futuro porque cada escolha de hoje, cada copo d’água, cada respiração consciente, cada passo dado no parque ou na esteira, cada alimento natural colocado no prato, tudo isso são sementes plantadas. E essas sementes florescem em anos a mais de vida com dignidade, em dias com mais energia, em noites com mais tranquilidade, em relações mais saudáveis e em mentes mais criativas.
A nova economia do wellness nos ensina que não há separação entre corpo, mente e espírito. Todos são dimensões de um mesmo ser, que precisa estar em equilíbrio para viver com plenitude. O investimento em saúde deve, portanto, ser integral: alimentação equilibrada, prática de atividades físicas que promovam consciência corporal, autocuidados que tragam leveza mental, momentos de contemplação que fortaleçam nossa espiritualidade e nossa energia vital. Esses pilares se complementam e formam a base de um patrimônio que cresce ao longo da vida.
Não se trata de viver mais a qualquer custo, mas de viver melhor. E isso é possível quando entendemos que investir em nós mesmos é a aplicação mais segura que existe. Diferente do mercado financeiro, sujeito a crises e oscilações, o retorno do investimento em saúde é garantido: mais anos de vida ativa, mais felicidade, mais liberdade. O wellness não é moda. É o futuro. E quanto antes aceitarmos que saúde é investimento, mais cedo colheremos os frutos dessa nova economia. Muita saúde a todos.
Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)