13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Setor privado apresenta prioridades para a COP30


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Às vésperas da Conferência do Clima da ONU que será realizada em Belém, em novembro, o setor privado consolidou uma agenda ambiciosa para influenciar as negociações internacionais. Na semana passada, a coalizão Sustainable Business COP (SB COP) entregou à presidência da COP30 um conjunto de 23 prioridades para acelerar o alcance das metas climáticas.

O documento, fruto de meses de debates com líderes empresariais de mais de 60 países e quase 40 milhões de empresas, estima que as corporações podem responder por até 40% da redução de emissões necessária até 2030. Cinco pontos guiaram a construção do documento que delineia caminhos para se atingir os objetivos: 

1) Acelerar a transição energética, em linha com a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC; 2) Promover apoio financeiro para enfrentar a crise climática, possibilitando crescimento econômico compatível com a agenda climática; 3) Garantir uma transição justa, ampliando acesso à energia e ao saneamento básico por meio de infraestrutura urbana sustentável e capacitação de pessoas; 4) Fortalecer cadeias de valor sustentáveis, incorporando princípios de economia circular e bioeconomia globalmente; 5) Reforçar a colaboração global, alinhando estruturas comuns para mercados de carbono e bioeconomia.

Entre as metas centrais estão dobrar a taxa mundial de eficiência energética e triplicar, até 2030, a capacidade de geração de energia renovável para 11 mil gigawatts. Para atingir esses objetivos, o documento propõe atualizar marcos regulatórios, ampliar redes de transmissão, garantir financiamento competitivo e oferecer incentivos tecnológicos, inclusive para indústrias nas quais o desafio da descarbonização é maior, como aço e cimento.

Também destaca a economia circular como alternativa ao modelo de produção e descarte. Para tanto, são necessárias regras claras, inovação em materiais, gestão de resíduos e programas de qualificação profissional. A bioeconomia, estimada em até US$ 5 trilhões por ano, surge como estratégia para substituir insumos fósseis por soluções de base biológica, aliando metas de clima, biodiversidade e direitos humanos.

No setor de alimentos, o foco está em métricas orientadas por políticas que apoiem a agricultura inteligente para o clima e apoio técnico e financiamento que permitam aumentar a produtividade com restauração de solos e florestas. 

Soluções baseadas na natureza — conservação, manejo sustentável e recuperação de ecossistemas — são essenciais para alcançar emissões líquidas zero, com inclusão de créditos de carbono de alta integridade nos mercados regulados.

As cidades, responsáveis por mais de 80% das emissões, devem ampliar acesso à energia, água e saneamento, investir em mobilidade limpa, habitação digna e construção sustentável, incorporando tecnologia digital e soluções naturais para maior resiliência.

Para viabilizar essas ações, a SB COP estima a necessidade de US$ 6,7 trilhões anuais em investimentos climáticos até 2030. Além disso, é preciso harmonizar os mercados de carbono, garantir mecanismos de redução de riscos cambiais e lançar projetos que atraiam capital privado. 

Por fim, o documento,assinado por entidades empresariais de todos os continentes, reforça que a implementação dos acordos climáticos depende, em última instância, da atividade econômica. O recado é claro: sem o setor privado, não haverá transição capaz de evitar os piores cenários da crise climática.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP