Eis um assunto de utilidade pública. Acho importante alertar que dentre os diferentes tipos de gordura corporal, a visceral é a mais perigosa. Diferente da gordura subcutânea, que se acumula sob a pele, a visceral envolve órgãos vitais como fígado, intestinos e pâncreas.
Ela é metabolicamente ativa e libera substâncias inflamatórias que favorecem doenças cardiovasculares, o diabetes tipo 2, a hipertensão e até alguns tipos de câncer, infelizmente. É um inimigo silencioso porque muitas vezes não aparece externamente: pessoas magras podem ter altos níveis de gordura visceral sem saber.
Evitar esse acúmulo exige mudanças consistentes no estilo de vida e vejo a dificuldade das pessoas em manter essas mudanças. Comer tarde da noite, por exemplo, aumenta a chance de estocar energia em forma de gordura, já que nesse período o metabolismo está mais lento. Ter um café da manhã rico em proteínas, ao contrário, ajuda a estabilizar a glicemia, reduz hormônios da fome e dá mais saciedade para o dia inteiro.
O sono também é fundamental: dormir mal aumenta o cortisol e prejudica o equilíbrio hormonal, estimulando o corpo a armazenar gordura no abdômen, como um modo de proteção, de "sobrevivência”.
Outro aliado da saúde é o vinagre de maçã antes das refeições. Diversos estudos mostram que ele pode reduzir em 20 a 30% o pico de glicose após a refeição. A forma mais indicada é diluir uma colher de sopa em meio copo de água e tomar uns 15 minutos antes de comer, evitando em casos de problemas gástricos sem orientação médica.
No campo dos óleos, um hábito perigoso é o uso constante de óleos vegetais industriais (soja, milho, canola), que favorecem a inflamação. Substituí-los por azeite de oliva extravirgem, óleo de abacate ou manteiga de boa qualidade é um passo simples e poderoso para reduzir riscos metabólicos. Fomos criados com esse tipo de "veneno” e hoje colhemos os frutos disso. Infelizmente, os óleos vegetais industriais são muito prejudiciais para nossa saúde.
O corpo também conta com um recurso natural para queimar gordura: a gordura marrom. Diferente da gordura branca, que apenas armazena energia, a marrom é rica em mitocôndrias e ajuda a gerar calor e queimar calorias. Exposições regulares ao frio, como banhos frios ou práticas como as banheiras de gelo, estimulam essa ativação, favorecendo o gasto energético.
Mas não basta apenas treinar na academia algumas vezes por semana. A ciência mostra que a atividade física espontânea do dia a dia é igualmente importante. Caminhar para o trabalho, subir escadas, arrumar a casa, cuidar do jardim, fazer pausas ativas durante o expediente, tudo isso aumenta o gasto calórico, melhora a circulação e ajuda a controlar a gordura visceral. Esses pequenos movimentos, somados ao exercício estruturado, fazem grande diferença a longo prazo.
E por falar em treino, a musculação merece destaque. O aumento da massa magra acelera o metabolismo basal, ou seja, o corpo passa a gastar mais energia até em repouso. Além disso, o treino de força ajuda a equilibrar hormônios, melhora a sensibilidade à insulina e reduz diretamente os estoques de gordura visceral.
No fim das contas, combater a gordura visceral é muito mais do que uma questão estética: é investir em saúde, energia e longevidade. Bons hábitos de sono, alimentação consciente, atividade física regular, pausas ativas e escolhas inteligentes como evitar comer tarde, adotar o vinagre de maçã, usar óleos de qualidade e incluir treinos de força são ferramentas práticas para reduzir esse risco invisível. A mudança começa em pequenos detalhes da rotina e se traduz em prevenção de doenças graves, maior disposição e qualidade de vida.
Muita saúde a todos.
Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)