13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Novas qualificações e tendências de gestão


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Qual será o perfil da indústria nos próximos cinco ou dez anos? Que tecnologias estarão em alta? Que qualificação profissional será demandada? Quais as tendências na área de gestão? Essas e outras questões que delineiam o futuro do setor foram analisadas pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), um grande hub de dados e estudos ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Em um amplo levantamento, o relatório “Prospectiva Industrial: Formação Profissional” mapeou 16 profissões em alta, 34 tecnologias emergentes, bem como competências e habilidades exigidas, além das tendências organizacionais que devem moldar o mercado de trabalho do setor neste futuro próximo.

O estudo detalha um conjunto robusto de inovações que já redesenham processos produtivos e modelos de negócio. Tecnologias em ascensão como Inteligência Artificial, Internet Industrial das Coisas (IIoT), gêmeos digitais, blockchain, manufatura aditiva e realidade aumentada aparecem como protagonistas. Em diferentes estágios de difusão, essas soluções vão do patamar “em desenvolvimento”, com potencial de alcançar até 50% de uso em cinco anos, a aplicações ainda nascentes, com menos de 5% de penetração, como computação quântica, biologia sintética e baterias de nova geração.

A adoção dessas tecnologias está sendo acompanhada por mudanças nas práticas de gestão e na cultura corporativa. Metodologias ágeis, produção enxuta e adaptativa, estratégias de marketing baseadas em dados, economia circular e governança algorítmica – que envolve o uso de sistemas de inteligência artificial em decisões de gestão – estão entre as tendências com maior potencial de crescimento no curto prazo.

Essas transformações tecnológicas e na gestão exige profissionais qualificados, que consigam compreender os sistemas que conectam as máquinas, interpretar os dados gerados e tomar decisões ancoradas em evidências. Ou seja, um profissional capaz de unir habilidades técnicas, pensamento crítico e competências analíticas, criativas e interdisciplinares para fazer frente a esta realidade.

Entre tendências mapeadas, destaca-se técnico de microrredes e energias renováveis, que deverá ser requisitado por até 30% das indústrias em cinco anos. Cerca de 25% das empresas também devem procurar técnicos em cibersegurança industrial e técnicos em manufatura aditiva (impressão 3D) neste período. No nível superior, a maior demanda será por gerente de inovação aberta e colaborativa, cuja procura pode alcançar 27% das empresas industriais,e gestor de sustentabilidade e economia circular, a ser demandado por 20% das companhias.

Para a indústria brasileira se manter competitiva e sustentável, segundo o estudo, é necessário apostar em parcerias entre o setor produtivo, poder público e instituições de ensino. Modernização dos currículos, formação de professores e a garantia de que os alunos terão acesso ao que há de mais moderno em tecnologia e práticas é fundamental. Afinal, à medida que as empresas avançam na digitalização, além das novas ocupações, surgem fluxos de trabalho diferentes e interações mais intensas entre humanos e máquinas.

Portanto, a indústria brasileira não está diante apenas da incorporação de equipamentos modernos, mas de uma mudança de mentalidade: a necessidade de atualização contínua, educação permanente e capacidade de operar em ecossistemas cada vez mais complexos.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP