06 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Como seu corpo responde ao que você vive?


| Tempo de leitura: 3 min

A nossa saúde não é um destino traçado pelo nosso DNA. Se você ainda acredita nisso, chegou a hora de rever essa ideia! Há uma ciência chamada epigenética,que mostra que nossos genes não são como uma sentença definitiva, mas como um livro cheio de páginas em branco, que podem ser escritas a cada dia de acordo com as escolhas que fazemos.

Imagine que o nosso DNA é como um piano. Ele tem todas as teclas possíveis, mas quem decide a música que vai tocar somos nós. Os nossos genes são as notas, mas é o nosso estilo de vida, os pensamentos, emoções, hábitos e ambientes, quem escolhem a melodia. É por isso que duas pessoas com a mesma herança genética podem ter destinos de saúde completamente diferentes.

A epigenética revela que quando mudamos a forma como pensamos e sentimos, o corpo responde. Emoções positivas, como alegria e esperança, liberam substâncias que fortalecem o sistema imunológico e diminuem processos inflamatórios. Já o estresse constante, a preocupação e a raiva criam uma química interna que favorece o desequilíbrio. Em outras palavras: o nosso corpo escuta aquilo que a nossa mente repete.

Isso não significa que basta “pensar positivo” para tudo transforma-se, mas sim que cada atitude conta. Bons hábitos, como uma boa noite de sono, uma caminhada ao ar livre, um prato colorido de alimentos naturais, uma conversa gostosa com alguém que você ama, alguns minutos de silêncio. Tudo isso são “mensagens epigenéticas” que enviamos às nossas células, ajudando-as a trabalhar a nosso favor.

Veja, por exemplo, o efeito do movimento.Quando nos alongamos, corremos, dançamos ou fazemos um exercício do qual gostamos, o corpo libera moléculas especiais que não apenas fortalecem músculos e ossos, mas também dão recados aos genes para manterem-se ativos em processos de reparo e proteção. O mesmo acontece com a nossa respiração: ao respirar profundamente, sinalizamos ao sistema nervoso que estamos em segurança, o que muda toda a química interna e influencia até como os nossos genes se expressam.

Outro ponto fascinante é que essas mudanças podem acontecer rápido. Claro, alguns efeitos levam tempo e constância, mas pesquisas já mostraram que apenas alguns dias de prática de meditação, por exemplo, podem modificar padrões de atividade genética relacionados ao estresse. Isso mostra que o corpo é muito mais plástico e adaptável do que imaginávamos.

A beleza dessa descoberta é que ela devolve às pessoas o poder de cuidar da própria vida. Não estamos condenados ao que herdamos. A genética pode indicar uma predisposição, mas o estilo de vida decide se este interruptor será ligado ou não. E o mais bonito é que não precisamos de grandes revoluções para mudar: pequenas escolhas, feitas com constância, criam grandes transformações ao longo do tempo.

A epigenética, em termos simples, nos lembra que saúde é um jardim que precisa ser cultivado. O solo é a genética, mas quem decide o que floresce ou não são as sementes que plantamos todos os dias com nossos hábitos, pensamentos e atitudes.

Portanto, para criarmos um futuro diferente, é preciso começar pelas pequenas coisas. Dormir melhor, cuidar da qualidade do que colocamos no prato, movimentar, permitir momentos de silêncio e olhar para a vida com gratidão, são escolhas que somadas, têm o poder de transformar a forma como nossos genes se expressam e criar uma nova biologia dentro de nós.

Nosso corpo é um reflexo da nossa história, desta que escrevemos todos os dias. E a boa notícia é que a caneta está nas nossas mãos. Muita saúde a todos!

Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)