13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Uma nova realidade


| Tempo de leitura: 2 min

Esses dias, numa palestra, fiz um teste com a plateia. Mostrei uma sequência de conteúdos: imagens, vídeos, textos. Metade foi criada por humanos. A outra metade, por inteligência artificial. Pedi pra identificarem qual era qual. Resultado: 50% de acerto.

Ou seja, o público errou metade das vezes. E não porque estavam distraídos. Mas porque, de fato, já está difícil distinguir. O que antes era óbvio agora levanta dúvida. E isso muda o jeito como a gente consome, interpreta e confia no que vê.

A IA deixou de ser promessa de futuro. Ela já está aqui, nos bastidores das ferramentas que usamos, nos conteúdos que consumimos e nas decisões que tomamos. Entrou na rotina sem pedir licença e, pouco a pouco, redefine o que é criar, comunicar e decidir.

Nem tudo que é novo é melhor. Em alguns casos, o método tradicional ainda entrega mais qualidade, principalmente quando contexto, sensibilidade e confiança pesam. Em outros, é inviável competir com a escala e a velocidade da IA. Analisar milhares de opções, gerar variações, cruzar dados em segundos. O real desafio é saber em qual cenário cada abordagem faz mais sentido.

O jogo agora é escolher bem. Olhar para impacto, risco, custo do erro e tempo. Onde precisão e vínculo importam mais, mantenha a condução humana com apoio da IA. Onde há repetição e volume, deixe a máquina assumir e monitore. Aprender a alternar entre esses modos vira uma habilidade central, quase como trocar de marcha sem perder tração.

No fim, é uma mudança de mentalidade. Observar, testar, ajustar. Sem deslumbramento e sem medo. Comece simples: o que no seu trabalho deve continuar igual, o que pode ganhar reforço da IA e o que precisa ser redesenhado do zero. Se essa resposta couber no seu dia de amanhã, você já está vivendo essa nova realidade.

Elton Monteiro é empreendedor, mentor, investidor e especialista em IA