13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

A autenticidade gera confiança


| Tempo de leitura: 3 min

Em meio a um verdadeiro tsunami de narrativas, um ícone do jornalismo estadunidense nos mostra a força do storytelling com valor. Em tempos em que tudo é relativo, Dan Rather, com 93 anos, jornalista ativo e “influencer”, é considerado uma das figuras mais marcantes da televisão dos Estados Unidos no século XX. Entrevistado recentemente, citou a frase imortalizada por Popeye: “I am what I am” - “Eu sou o que sou”.

Popeye foi um personagem do desenho animado que conquistou o público do mundo entre os anos 30 e 60. Um marinheiro forte, com um olho fechado permanentemente, que ganha força extraordinária ao comer espinafre. A máxima, “Eu sou o que sou”, reflete sua personalidade direta, simples e autêntica. Ele não tenta ser mais do que é, apenas vive com integridade e coragem. Para Rather, essa frase que parece simples é, na verdade, uma das maiores lições de comunicação para líderes, marcas e pessoas, autenticidade gera confiança.

A transparência, clareza, objetividade, sem rodeios, na produção de qualquer conteúdo aproxima quem fala de quem escuta. “I am what I am”, revela que a autenticidade fortalece; a simplicidade conecta; os recursos internos (pessoais ou numa empresa) garantem resiliência e a consistência constrói cultura.

O lema pessoal que Dan Rather carrega e aplica em sua vida, há tantos anos, ancora conceitos, valores e princípios, que ainda permanecem verdadeiros nos dias de hoje e vão além muito além da comunicação. É ser, dizer e agir em coerência, um caminho que fortalece e engaja. Em um mundo saturado por discursos, algoritmos e filtros, a autenticidade se torna um diferencial competitivo e humano.

As pessoas, cada vez mais, identificam quando uma mensagem é ensaiada em excesso, ou uma marca se esconde atrás de narrativas superficiais, ou quando um líder comunica algo que não pratica no dia a dia. A coerência entre discurso e prática é a chave que sustenta a credibilidade.

O que Dan Rather nos ensina ao adotar a máxima de Popeye é que não basta parecer verdadeiro, é preciso ser verdadeiro. A comunicação só se torna poderosa quando encontra ressonância na prática. Um líder que fala sobre colaboração, mas atua de forma autoritária, destrói a confiança. Já aquele que assume vulnerabilidades e age com transparência inspira.

Em tempos de comunicação instantânea e redes sociais, crises de reputação podem se instalar em questão de minutos. Uma marca que tenta “maquiar” problemas em vez de assumi-los e corrigi-los se expõe ainda mais ao julgamento público. Em contrapartida, quando uma organização se posiciona com clareza, admite falhas e mostra compromisso em evoluir, abre espaço para um relacionamento de confiança duradouro com clientes, colaboradores e parceiros. O mesmo é válido para “pessoas”. A autenticidade não é apenas um valor abstrato, mas uma estratégia de gestão e comunicação

No fim, o que Popeye, Dan Rather e tantos outros líderes exemplares nos lembram é que ser autêntico exige coragem. Sim, coragem de assumir quem se é, de sustentar princípios, de comunicar com clareza e de agir com integridade. Essa coragem, por sua vez, é o alicerce de toda confiança e o ativo mais valioso que podemos construir. Você concorda?

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)