13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Jundiaí tem tudo para brilhar


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Participei do Fórum de Desenvolvimento Local promovido pela OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em Barranquilla, na Colômbia. Foi a primeira vez que essa organização internacional tão respeitada promoveu um encontro fora da Europa e escolheu uma cidade que não é capital.

Barranquilla fica no extremo norte do país, junto ao Mar do Caribe, um porto marítimo bem movimentado e ladeado pelo rio Magdalena. Seu prefeito, Alex Char, pela terceira vez exerce o mandato executivo na cidade que transformou nos últimos vinte anos.

Criou muitas escolas e propiciou ensino integral para todos os alunos, desde a pré-escola. Todos têm letramento digital e trabalham com Inteligência Artificial. Assim como os professores, que foram treinados para fazer do município um hub eletrônico e cibernético.

Milhares de pessoas de todo o mundo discutiram, durante três dias, a oportunidade surgida para as entidades subnacionais – Estados-membros, províncias e municípios – diante da atual conjuntura geopolítica. O propósito era estimular as cidades a assumirem protagonismo à luz das emergências climáticas, inovando, empreendendo e despertando na cidadania o zelo e empenho por oferecer soluções para todos os problemas locais.

E por que Barranquilla?

Porque ali, existem quatro grandes mangues, cuja preservação é essencial para garantir o microclima e também para abrigar a fauna silvestre, composta de muitos animais sob risco de extinção. O Prefeito conseguiu a adesão da comunidade ribeirinha e realizou uma grande obra: uma extensão de quinze quilômetros em palafita, feita com madeira de reflorestamento, que atravessa os quatro mangues e permite uma visita ao imenso pantanal, sem provocar modificações lesivas da natureza.

Não se permite veículo movido a combustível, o lugar é o único na Colômbia zero-plástico, é espaço vedado a pets, que podem assustar aves e répteis, nem se admite música. O lugar é silencioso e se presta a um atraente turismo de contemplação. O silêncio das pessoas, propicia aos ouvidos atentos descobrir os ruídos da natureza.

Também se recuperou uma parte da orla que estava ocupada por vulneráveis e acumulava detritos, qual verdadeiro lixão. O trabalho de requalificação da praia, de capacitação das pessoas para atuarem no segmento de turismo, deu atividades rentáveis para mais de quatrocentas famílias. O ingresso nesse recinto de grande dimensão, chamado litoral de Puerto Mocho, só é possível mediante uso de um trem elétrico, o “Trem das Flores”, que transporta os visitantes até a borda do parque. Dali, ou se caminha a pé, ou se usa bicicleta, ou se recorre àqueles carrinhos de campos de golfe.

São demonstrações de que os municípios podem e devem cuidar de sua natureza e de valer-se dela para a inclusão social, para a promoção humana, para aprimorar os índices de qualidade de vida da população.

Jundiaí é uma cidade privilegiada. Ainda tem a Serra do Japi, cada vez mais a servir como atrativo para empreendimentos imobiliários que nem sempre respeitam a zona de amortecimento de uma gleba tombada.

Incentivar o turismo rural, intensificar a visitação a cantinas, vinícolas, à produção de frutos, tudo é viável para oferecer novas oportunidades de trabalho aos jovens jundiaienses. Promover concursos para que principalmente jovens ofereçam sugestões de aproveitamento dos nossos recursos para fomentar a economia verde e oferecer novas condições de empreender para as gerações nativas digitais, é perfeitamente possível.

Não se deve esperar solução do poder centralizado, imerso em uma policrise que pode ser enfrentada com galhardia por cidades do porte de nossa querida Jundiaí. Com a palavra, suas lideranças estatais e particulares.

José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@jj.com.br)