São Paulo é o mais importante Estado brasileiro. Potência econômica, tecnológica, agrícola, comercial, financeira, em serviços e humana.
Com essas credenciais, esperava-se atuação ativa do governador do Estado quando o país enfrenta a delicada situação criada pelas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Mas não. Tarcísio de Freitas parece mais governar o imaginário Estado do “Texas do Sul”, em vez do pujante e querido Estado de São Paulo.
Vindo do Rio de Janeiro, Tarcísio foi eleito em São Paulo abraçado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à extrema-direita. No cargo, coleciona decisões contrárias ao interesse do povo paulista. No começo deste ano, vestiu sem constrangimento um boné do “Make America Great Again”, para comemorar a posse de Trump.
Pequenos gestos que mostram de que lado Tarcísio está, distante dos paulistas, longe dos brasileiros. Sem grandes gestos contra o tarifaço, ficou contra os interesses de São Paulo, já que, em 2024, foram US$ 13,6 bilhões em exportações aos EUA.
Piracicaba e Matão são as cidades mais prejudicadas pela tarifa imposta por Trump a pedido de Bolsonaro e seus aliados. Mas a capital, Jundiaí, Guarulhos, Araraquara, Lins, Pederneiras, Suzano e Colina estão na lista das mais afetadas no Estado.
Não se vê Tarcísio na linha de frente contra Trump e suas taxas. Tarcísio também desapareceu na hora de defender a população paulista contra a proposta da Câmara dos Deputados de aumentar o número de vagas. Além do custo de R$ 95 milhões por ano, a alta de 513 para 531 deputados federais resultaria em prejuízo para São Paulo.
Isso porque o Estado deveria ter 111 vagas, já que possui 44,4 milhões de habitantes. Mas a proposta previa novas cadeiras para outros 9 Estados, mantendo São Paulo com as atuais 70. Ou seja, resultaria na sub-representação dos paulistas.
Alguém viu Tarcísio ir contra esse absurdo? Poderia ter feito pressão, dado declarações públicas críticas, articulado políticos e a imprensa para evitar a aprovação da proposta. Mas fingiu que não era com ele. Ainda bem que o presidente Lula vetou o texto. Mostrou sensatez e sensibilidade para impedir os gastos como mais deputados.
Com tantos desafios e adversidades para superar, o Estado de São Paulo precisa urgentemente de um novo governador. Tudo o que não precisamos é de alguém que acha que governa o “Texas do Sul”.
Mário Maurici de Lima Morais é jornalista. Foi vereador e prefeito de Franco da Rocha, vice-presidente da EBC e presidente da Ceagesp. Atualmente, é deputado estadual e primeiro secretário da Assembleia Legislativa de São Paulo.