No último domingo, o JJ colocou no ar reportagem sobre a pulverização de candidaturas locais para deputados federal e estadual e a real chance de a gente não eleger ninguém mais uma vez. Durante a semana, muitos sites repercutiram nossa matéria, uns dando crédito para o JJ, outros nem tanto. A verdade é que não se falava de outra coisa nos bastidores da política nessa última semana.
Entendo que os partidos têm de cumprir o número de candidatos para vencer a cláusula de barreira. Mas Jundiaí, meus leitores, vai ficar a ver navios novamente, esperando a boa vontade de outros deputados para que emendas cheguem, soluções apareçam e medidas sejam tomadas junto aos governos federal e estadual.
Miguel Haddad foi o último deputado federal eleito e olhem que ele só assumiu a suplência, em 2014. Eu fiz uma análise política há dois anos e fui imensamente criticada, pois nunca acreditei que Jundiaí fosse bolsonarista e uma apoiadora maciça do PL. Acho mesmo que sair do PSDB não fez bem algum a nossos ex-administradores. Jundiaí é uma cidade conservadora e tradicional e ponto final. O PSDB ficou 30 anos aqui porque os jundiaienses não gostam de mudanças bruscas nem de radicalismo.
Sabemos que há parte da população que apoia a chamada política de esquerda (tenho meus senões com essa nomenclatura), mas a verdade é que também ela precisaria se unir para lançar somente um candidato ao pleito, juntar-se a outros municípios estaduais, para ter alguma chance na eleição.
A cidade, por si só, não vai eleger ninguém. Além da pulverização, temos ainda o chamado para votar em políticos estrangeiros, que defendem causas ou são mais alinhados às nossas convicções. Também não tenho visto aliados políticos concretos na RMJ (Região Metropolitana de Jundiaí) surgirem com pautas comuns entre todos os municípios.
Entre essa briga entre os partidos de direita e esquerda, o egocentrismo de alguns pré-candidatos, não vemos solução à vista. Neste exato momento o que está acontecendo é um cabo de guerra para ver quem ficará candidato pelo seu partido.
As forças políticas mudaram. Kassab vem com tudo para eleger mais pessoas. O governador Tarcísio, que faz um bom governo no Estado, pode não ser eleito, se for candidato nacionalmente. O PT está na pré-UTI, insuflado somente pelo oxigênio que o Trump e a direita entregaram de bandeja ao presidente Lula. O União Brasil, do prefeito Gustavo Martinelli, tem suas intenções de lançar também seus candidatos. E nesse balaio de caranguejos, ficaremos sós, sem representatividade na Assembleia Legislativa ou no Congresso Nacional.
Isso não me agrada e não deveria agradar os jundiaienses. Uma cidade, tão rica e com qualidade de vida, não pode ficar sem eleger um representante para chamar de seu.
Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP, administração de serviços pela FMABC e periodismo digital pela TecMonterrey, México. É editora-chefe do Grupo JJ.