Motoboys e entregadores, hoje são indispensáveis à vida moderna, e mais ainda indispensáveis para comerciantes de comidas.
No último domingo, dia 27 de julho, deveriam ser festejados pelos serviços prestados e que são queridos pelos que compram comida, que chega quente e de forma rápida graças aos riscos que correm.
Ruy Castro, escritor e acadêmico, escreveu em uma coluna no dia 27: “Mais de 35 milhões de motos circulando no Brasil. Os acidentes com motos se tornaram a principal causa de mortes no trânsito. E cada vez mais jovens usam a moto para trabalhar. São entregadores de aplicativo, de transportes de passageiros em que a máxima é: “Quem chega mais rápido ao destino, ganha mais.”
Assim estão ocupando as ruas com a velocidade e ruído, que deixam qualquer um atordoado, os motoristas precisam cuidar para que as motos não causem acidentes: e cuidam! Aqui o número de acidentes com fraturas é fantástico e o custo, então, nem se fala. O Hospital São Vicente com isso ocupa leitos que poderiam estar sendo usados para as cirurgias que estão em espera, mas motoqueiros ocupam boa parte desses leitos.
O que ninguém percebe é que essa conta é alta para o país e revela uma bagunça que ninguém quer mexer. Onde eles esperam? Onde eles almoçam? Usam banheiro? Jogam seus lixos? Quanto custa o tratamento do acidentado? E a sua invalidez?
Mas ações como a do prefeito de São Carlos que comemora a sua “invenção” de pontos de apoio exclusivos para os motoboys não são apropriadas. Nesses pontos de apoio são oferecidas estruturas e comodidades aos trabalhadores. Tem geladeira, microondas, além de banheiro, cadeiras de descanso em um ambiente climatizado.
O fato é que isso não pode ser transferido para o poder público, nem ocupar terrenos da prefeitura. Outras formas precisam acontecer, mas partindo da iniciativa privada, das empresas que esses trabalhadores prestam serviços.
Se os shoppings, comércios da cidade, que dependem desses serviços para entregarem as produções de comidas, e áreas de alimentação como o Beco Fino, (a maior concentração de restaurantes de Jundiaí) paradoxalmente expelem suas motos e motoristas de seu ambiente, como eles poderão trabalhar? Os estabelecimentos não oferecem nada e ainda cobram para estacionar. Situação que se não tem lei para resolver, tem que ter bom senso e empreendedorismo para resolver essas contradições com bons banheiros, áreas de refeições e descanso e até lugares para fumar.
Sobra lixo, urina e fileiras de motos com parte do veículo sobre a calçada, que não dá mais para circular. Normalmente expulsos dos lugares, como shoppings e áreas de alimentação, o movimento inverso é necessário, com projetos bem realizados. Uma boa saída é um padrão de projeto e execução, obtidos em concurso de arquitetura, pelo Conselho de Arquitetos e Urbanistas (CAU) e Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), para que a cidade adote essa prática e com legislação e código de obras para que a iniciativa privada faça nas áreas de supermercados, shoppings e regiões de alimentação.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)