13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

O setor privado nas articulações mundiais  


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Na semana passada, o Brasil sediou a reunião de cúpula dos Brics, grupo de países emergentes formado por África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia. Este foro do Sul global tem o propósito de dialogar sobre temas da agenda internacional e propor articulações político-diplomáticas.

Pela primeira vez, o setor privado entregou à cúpula dos Brics uma lista com 24 recomendações de políticas públicas a serem adotadas. São sugestões objetivas, que versam sobre temas como laços comerciais, sinergia regulatória, desenvolvimento de tecnologias, entre outros.

Esta participação efetiva, com propostas, do setor privado em foros de discussão mundial tem crescido. Embora o multilateralismo esteja em xeque, ainda são esses os espaços de debate global e de criação de consensos. Por isso, é importante se fazer ouvir nesses ambientes onde as políticas públicas são definidas.

No ano passado, a reunião do G20 (que reúne as maiores economias do mundo) realizada no Rio de Janeiro, contou com a participação do Business 20 Brasil. Grupo empresarial liderado pelo vice-presidente da Fiesp Dan Ioschpe, o B20 Brasil entregou um conjunto de sugestões com medidas para acelerar a transição energética, fortalecer o financiamento climático, impulsionar o comércio, os investimentos e a transformação digital.

Em novembro, no âmbito da COP30 de Belém, haverá a SB 20 COP (Sustainable Business COP), que foi inspirada no B20. O empresário Ricardo Mussa é o chair do grupo nesta iniciativa, liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), para que o setor privado influencie as decisões da COP.

Até setembro, a SB COP entregará suas recomendações acerca dos seguintes temas: transição energética, bioeconomia, sistemas alimentares, cidades, economia circular, soluções baseadas na natureza, habilidades verdes e financiamento climático. Como cerca de 80% das emissões ocorrem no setor privado, a participação empresarial no debate e nas soluções é fundamental.

As 24 recomendações entregues na reunião do Brics são resultado do trabalho conduzido ao longo do ano pelo Conselho Empresarial do Brics (Brics Business Council – BBC, na sigla em inglês) e pela Aliança Empresarial das Mulheres do Brics (Women’s Business Alliance – WBA), ambos secretariados pela CNI. Participaram cerca de mil representantes do setor produtivo e especialistas das onze nações integrantes do grupo.

Sob a presidência brasileira, o Conselho Empresarial do Brics estruturou nove Grupos de Trabalho com temas sobre os seguintes setores estratégicos: Agronegócio, Aviação, Economia Digital, Energia, Finanças, Infraestrutura, Manufatura, Inovação, Comércio e Qualificação Profissional.

Entre as medidas mais relevantes recomendadas vale destacar: estabelecer um programa do Brics para a agricultura regenerativa e recuperação de terras degradadas; acelerar a adoção de fontes de energia renovável e expandir os instrumentos de financiamento sustentável; promover parcerias público-privadas para acelerar a digitalização e a aplicação de inteligência artificial;

O BBC também sugere que sejam adotadas alternativas para melhorar a conectividade logística entre os países de modo a estimular o comércio, além de reduzir as barreiras comerciais por meio da cooperação regulatória e da digitalização. Por fim, reforçar a cooperação tecnológica entre empresas para impulsionar a inovação e acelerar a modernização da indústria.
 
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)