13 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Uma guerra invisível disputa tua atenção 


| Tempo de leitura: 3 min

Uma verdadeira guerra imperceptível e invisível é travada a todo instante entre as várias plataformas digitais, as quais você usa diariamente, sem imaginar que um intrincado processo está por trás do que vê na sua telinha. As sugestões que você recebe são elaboradas pelos algoritmos capazes de adivinhar os seus mais profundos desejos...

Sua vida, gostos, hábitos, com quem você fala, segue e até manias são mapeadas a cada busca realizada nos sites e apps. Vivemos uma era em que os algoritmos deixam de ser meras engrenagens ocultas do mundo digital. Passam a ser protagonistas na forma como percebemos, interagimos e consumimos conteúdo. Por trás de cada like, curtida, vídeo recomendado ou publicação impulsionada, há um sistema matemático - um algoritmo - que decide silenciosamente o que você verá a seguir. Essa decisão não é aleatória. Trata-se de uma batalha estratégica entre as grandes plataformas por aquilo que se tornou o recurso mais disputado deste século, a atenção humana.

Quem é esse protagonista que captura, influencia e toma a frente o poder da sua escolha? Algoritmos são conjuntos de instruções programadas para resolver problemas ou tomar decisões com base em dados capturados nas redes sociais. Analisam o comportamento do usuário e preveem quais conteúdos são mais relevantes, ou quais deles o manterão engajado por mais tempo em posts, cliques, compartilhamentos, comentários ou reações.

São ajustados frequentemente para maximizar o tempo de tela, gerar mais interação e, por consequência, aumentar o lucro com publicidade. Quanto mais tempo você passar navegando, mais anúncios poderá ver e mais dados oferecerá em troca. Então, aqui começa a guerra entre as marcas e plataformas sociais que operam com modelos algorítmicos distintos, pela disputa do seu interesse, para que você faça uma ação, dê um clique, se cadastre, enfim, responda ao sistema.

Os exemplos a seguir foram baseados no site da Tecmundo: o Instagram valoriza o engajamento imediato com curtidas, salvamentos e comentários. Seu algoritmo prioriza relacionamentos próximos, mas hoje compete com o TikTok através do Reels, copiando sua lógica de vídeos curtos e altamente envolventes. Já o TikTok é considerado pelos produtores de conteúdo o mais eficaz. Seu algoritmo aprende rapidamente com o comportamento do usuário e recomenda conteúdos com base em padrões de visualização. O foco está no conteúdo, não na rede de amigos, o que facilita o alcance orgânico, especialmente para criadores iniciantes.

O YouTube equilibra recomendações com histórico de navegação. Seu algoritmo prioriza tempo de exibição e retenção, valorizando vídeos que mantenham o usuário por mais tempo na plataforma. O X, ex-Twitter, com a entrada de Elon Musk, o algoritmo passou por reformulações, promovendo maior alcance para usuários verificados, os pagantes, ajustando o feed para misturar conteúdos populares com base em interesses e engajamentos polêmicos.

Sem você perceber acaba vendo mais do mesmo. Os algoritmos reforçam os interesses dos usuários e moldam seus hábitos. O que você vê influencia o que você passa a buscar, num ciclo repetitivo de retroalimentação. A guerra dos algoritmos não é apenas técnica, é comportamental, econômica e simbólica. Saber disso é o primeiro passo para usar essas ferramentas com consciência, propósito e estratégia.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)