Eles não falam a nossa língua. Não entendem compromissos, boletos ou a pressão do trabalho. Mas, quando chegamos em casa esgotados, com os ombros pesando o mundo, eles estão ali. Um rabo que balança como quem diz “estou com você” e de algum jeito, tudo parece mais leve.
É difícil colocar em palavras o que é ter um pet. Mas posso dizer que poucas coisas na vida me ensinaram tanto sobre amor, presença e cuidado quanto conviver com esses pequenos grandes mestres de quatro patas.
Ter um animal de estimação é mergulhar num universo de comunicação silenciosa e profunda. Um universo que, cada vez mais, a ciência tem explorado e comprovado como caminho potente para o equilíbrio emocional, mental e também físico.
A ciência já validou o que quem ama bicho sente na pele. Pets fazem bem à saúde e não apenas ao coração no sentido figurado. Eles ajudam a reduzir o cortisol, o hormônio do estresse, aumentam a ocitocina, o hormônio do afeto, e estimulam nossa rotina de movimento e conexão. Estudos mostram que pessoas que convivem com animais apresentam menores índices de depressão, ansiedade e doenças cardiovasculares.
Mas, além dos dados, o que me toca profundamente é a forma como eles nos ensinam a estar presentes. Sem pressa. Sem julgamento. Sem cobranças. Eles só querem estar por perto. E isso é tanto, é tudo!
Ter um pet é sentir o tempo mudar com as estações, porque o passeio acontece faça sol ou chuva. É criar rotina, nomear o cuidado, exercitar o afeto, rir com as travessuras e aprender a escutar sem palavras.
Para as crianças, eles são amigos fiéis. Para os idosos, são vidas pulsando na casa. Para quem mora sozinho, são laços. Para famílias, são parte da história. E para todos nós, são espelhos do amor mais puro que existe, aquele que não pede nada em troca.
Segundo a Human Animal Bond Research Institute, 74% das pessoas relatam melhora na saúde mental após a adoção de um pet. Esses dados ganham ainda mais relevância diante dos altos índices de ansiedade, estresse crônico e solidão que marcam este século.
Os benefícios vão muito além da esfera emocional. Animais, especialmente cães, incentivam a prática de atividade física regular. Caminhar com um cachorro, ainda que por poucos minutos ao dia, já impacta positivamente a saúde cardiovascular, ajuda a combater o sedentarismo e até modula o sistema imunológico. Uma pesquisa da BMC Public Health revelou que tutores de cães caminham, em média, vinte e dois minutos a mais por dia do que pessoas sem animais. O suficiente para fazer diferença no humor e na saúde metabólica.
E o que dizer do papel dos pets como guardiões da saúde emocional? Em crianças, eles ajudam a desenvolver empatia, cuidado e expressão emocional. Em idosos, trazem companhia, rotina e propósito. Em pessoas com depressão, luto ou ansiedade, são apoio silencioso e constante. Hospitais e instituições já incorporam a Terapia Assistida por Animais como estratégia de cuidado, com resultados emocionantes.
Talvez o mais bonito dessa convivência seja o que escapa aos gráficos e tabelas: o amor incondicional. Um pet não se importa com o que você faz, mas com quem você é, conecta-se à sua energia, à sua presença, à sua essência e te ama assim, sem maquiagem, sem esforço, sem cobranças.
Ter um animal é uma grande responsabilidade. Requer tempo, respeito, atenção, recursos. Mas quem vive esse vínculo sabe que o retorno vem dobrado, em olhares sinceros, em acolhimento sem palavras, em alegria.
Nossos pets nos pedem presença e nos devolvem saúde. Nos convidam a respirar fundo, caminhar devagar, reparar em detalhes que a vida corrida não permite notar, quase um remédio da vida moderna.
Talvez por isso, em tantas histórias de superação, cura e recomeço, um animal aparece como figura central. Eles têm esse poder silencioso de nos lembrar do essencial. De que, apesar de tudo, amar ainda é o que nos salva.
Se você já tem um pet, sabe do que estou falando. Porque, no fundo, ao abrir espaço para cuidar de um animal, a gente também abre espaço para cuidar de si mesmo. Ah, esse tema foi sugestão do meu filho! Muita saúde a todos.
Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)