15 de dezembro de 2025
INVESTIGAÇÃO

‘Hitler da Bahia' é preso por liderar jovens em estupro virtual

Por Da redação | Salvador
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
‘Hitler da Bahia’ com farda do Exército

Conhecido no ambiente virtual como ‘Hitler da Bahia’, um jovem de 20 anos, soldado do Exército e lutador de jiu-jitsu, foi preso em novembro de 2024, em Salvador (BA), acusado de liderar o grupo virtual "Panela Country".

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De acordo com a investigação do Ministério Público de São Paulo, Luis Alexandre Lessa liderava um grupo de adolescentes no Telegram que praticou estupro virtual, com incentivo à automutilação, pedofilia e "violência por diversão". A história foi revelada pelo UOL.

As investigações começaram em outubro de 2024, após denúncia anônima, e descobriram rapidamente diversas vítimas em vários estados. A operação Nix, que agiu simultaneamente em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal, prendeu Lessa e apreendeu três adolescentes.

"Panelas" são pequenos grupos virtuais de jovens e adolescentes em redes sociais como Discord e Telegram. Os integrantes são chamados de "paneleiros".

A "Panela Country" foi fundada por dois adolescentes e passou de 600 membros. Lessa, o ‘Hitler da Bahia’ ou ‘Sagaz’, é apontado pelo MP-SP como um dos líderes.

Nesses grupos, "a violência é tratada como uma forma de diversão", diz o MP-SP. Os membros "comemoram e se divertem à custa do sofrimento alheio, demonstrando pouca ou nenhuma empatia pelas vítimas, sejam humanas ou animais", afirmou o desembargador Teixeira de Freitas, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao negar pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lessa.

Lessa foi denunciado por uma série de crimes: pedofilia, violência psicológica contra mulher, cyberbullying (intimidação sistemática virtual), perseguição, incitação ao crime, divulgação de pornografia, invasão de dispositivo de uso da polícia e divulgação de informações sigilosas.

Por ser militar, ele foi levado ao 6º Batalhão de Polícia do Exército, mas nesta semana a Justiça autorizou sua transferência para uma cadeia pública enquanto aguarda julgamento.

A defesa de Lessa pediu habeas corpus e disse que só vai se manifestar no processo. O pedido, que foi rejeitado, alegava que o soldado sofria constrangimento ilegal do juiz responsável pelo caso.

Aliciamento.

O aliciamento para o grupo ocorre com desafios, que viram manipulação emocional e exploração sexual. Os jovens precisam cumprir tarefas para obter respeito e notoriedade dos integrantes. O desafio mais comum, segundo a investigação, é a "plaquinha" —escrever o nome da "panela" num papel e fotografar-se, o que inclui versões mais extremas como escrever na pele usando um objeto cortante.

Esse tipo de foto, divulgada em outras comunidades e redes sociais, serve para comprometer e prender os jovens ao grupo. Ao entrarem na panela, eles adotam um apelido e são envolvidos em relacionamentos virtuais com troca de conteúdos íntimos.

Depois, os líderes e outros membros ameaçam expor as vítimas, que são forçadas a fornecer mais imagens ou realizar atos cada vez mais graves, incluindo transmissões ao vivo de práticas explícitas e degradantes.

“Os jovens fornecem voluntariamente imagens comprometedoras, como forma de fortalecer laços afetivos, mas acabam se tornando vítimas de chantagem sexual [sextortion]”, trecho da denúncia do MP-SP.

* Com informações do portal UOL