Desde a soberania do pensamento científico firmado através da lógica cartesiana o ser humano tem a “mania” de separar e analisar tudo o que ele tem contato, desde objetos até eventos, através de suas partes e componentes. Caso essa frase pode ter soado um pouco como uma crítica, é porque ela de fato o é.
Não me entendam mal, caríssimos leitores(as)! Como médico egresso de uma faculdade denominada de “Ciências Médicas”, utilizo diariamente a ciência para tomadas de decisões e procedimentos com meus pacientes.
No entanto, como alguns dos professores desta mesma faculdade me ensinaram, a verdadeira medicina “para a vida” está muito mais próxima das faculdades de “humanidades” do que da expressão de certeza e previsibilidade esperada de uma ciência “exata”.
- “Vocês estudam os livros e leem os trabalhos, fazem tudo certo” – disse-me um deles – “contudo, o paciente insiste em continuar doente! Que coisa!” – completava ele, irônico. O bom humor e rir de mim mesmo provou, através da sua eficácia ao longo dos anos, ser um bom lenitivo para as minhas frustrações profissionais, sendo outra boa lição que uso até hoje.
Tenho a tendência de procurar na realidade a sua completude, alinhavada por uma “força invisível”, unindo componentes e acontecimentos que influenciam de forma imprevisível o resultado da interação. Com o tempo, comecei a me sentir confortável com essas incertezas.
Um exemplo prático: estamos próximos do solstício de verão, período único do ano que a energia yang do sol atinge o seu ápice. Neste ponto, temos oportunidade de ressoar ao máximo essa potencialidade “yang” de expansão para desenvolver a nossa saúde.
A ciência vaticina isso através até mesmo de mensurações laboratoriais, como é o caso da 25-hidroxivitamina D, ou simplesmente vitamina D, um pró-hormônio (hoje assim considerado) que vai aumentar e estruturar vários processos metabólicos no nosso corpo. Estudos mostram-se promissores no uso de reposições vigorosas de vitamina D para o tratamento de doenças graves, do fígado ao sistema nervoso, o suficiente para ela se tornar “a queridinha” de dosagens e reposições.
Contudo, é um tanto difícil manter os níveis dessa vitamina tão altos, mesmo repondo-a “artificialmente”. Porque essa tendência à diminuição, mesmo quando dela tanto precisamos? Uma possível explicação da medicina energética é que a vitamina D, naturalmente produzida pelo nosso corpo quando exposto a energia yang solar, não se sustenta “materialmente” no sangue pois nos falta a sua contrapartida energética, a própria luz do sol.
Os níveis sanguíneos de um componente não são unicamente responsáveis pelos efeitos do yang solar, captado pelo nosso campo. Trata-se somente de uma parte. O seu momento com o sol é a outra parte, entendendo-se que atrelados aí estão vários outros elementos, igualmente importantes e indissociáveis: o momento em que a pessoa para um pouco do seu dia para ir ao ar livre, respirar o ar e ficar de frente para luz sentindo-a no peito, aquecendo o corpo e livrando a mente para que ela possa se expandir.
Tendo aprendido isso, recomendo a muitos dos meus clientes que precisam de reposições que complementem os seus suplementos farmacológicos com atitudes de entrega e energização ao ar livre.
Alexandre Martin é médico, especialista em acupuntura, com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)