No último sábado, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, nosso bispo diocesano, na Missa de Finados no Cemitério Nossa Senhora do Desterro, nos envolveu com a Eternidade. Bonito como Dom Arnaldo não se fecha em um molde predeterminado para sua missão, mas se faz gente como a gente em seus sentimentos e, dentro da sua realidade e da nossa, nos ilumina com a Palavra de Deus e a Eucaristia.
Disse do quanto a morte nos traz tristeza e saudade e, para identificar o sentimento de perda, cantou “Olhando para o Céu”, uma música do folk pop japonês, lindíssima, da época de seu coral na infância: “Olhando para o céu/ Eu sigo a caminhar/ Onde estará meu amor/ Em que estrela está/ Todo esse bem que eu perdi/ E que em vão tento encontrar./ Olhando para o céu/ Estrelas me dirão/ Que é bom sonhar/ Ter alguém, que sonhar faz bem/ E até no céu fazem par/ Os meus sonhos e os seus./ Há no meu olhar uma lágrima triste/ Que não quer deixar/ Que eu me esqueça de alguém/ E eu sigo a caminhar/ Tentando não chorar. /Quero encontrar numa estrela/ Esse alguém, meu bem/ Que eu tanto amei, que se foi/ E que um dia há de voltar”.
Tocou-me o coração. Vieram os que amei em minha história e hoje habitam junto à estrela dos Reis Magos. Ausências das quais me recordo todos os dias e para que voltem ao meu caminho, no tempo de Deus, devo, nas horas todas, ir em busca da estrela de Belém.
A respeito das lembranças, nossos pais cantavam “Saudade”, que fez sucesso na voz de Dalva de Oliveira: “...saudade/ de rever os meus/ saudade/ dos sorrisos teus/ saudade/ quem é que não tem? / só mesmo alguém/ que nunca quis bem”.
Em seguida nos consolou e iluminou nossa alma, falando da alegria que o Senhor nos proporciona, Ele que é o Deus da promessa, para o grande Banquete da Eternidade. Deus não nos deixou na morte. Imaginei o reencontro no Banquete oferecido pelo Senhor. Que lindo será! Dom Arnaldo acrescentou ainda que, para participar, do Banquete é necessário adquirir o “bilhete de acesso”: fazer o bem aos mais necessitados, como encontramos no Evangelho de São Mateus (25, 31-46): dentre eles os que têm fome, sede, estão doentes, encarcerados, peregrinos... Que precisamos manter acesa a chama alta do Amor.
No domingo, quando a Igreja celebrou “Todos os Santos”, Padre Márcio Felipe de Souza Alves, em sua homilia na Missa no Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia, também nos ofereceu a Eternidade, nos convidando a sermos santos. Comentou que a santidade de Deus passa pelo humano e podemos acolhê-la se não nos perdermos da Cruz. Fomos criados, afirmou o Padre Márcio Felipe, para desviarmos do sofrimento e agoniados, muitas vezes nos perdemos naquilo que nos faz mal. Citou como exemplo Santa Rita de Cássia que, diante das angústias e das aflições, não desistiu, mas encontrou o consolo em Jesus crucificado. Como lemos no Evangelho de São Mateus (5, 4): “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”. E bem-aventurados os que se fazem misericórdia para o próximo.
Ao final da Missa, a música que trago como oração: “Que Santidade de Vida” do Padre Jonas Abib: “Que é feito da sua promessa? / Perguntam e zombam de Deus! / Mas o Senhor virá, Ele não tardará/ Que eu seja santo, santo, santo/ Pois Deus é Santo, Santo, Santo”.
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)