21 de dezembro de 2024
OPINIÃO

Eu era fã da RJ!


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O ano, imagino, seja o início de 1970. E foi um padre, com pouco mais de um metro e meio de altura, que assumiu uma revolução na Vila Arens, em Jundiaí. E a revolução envolveu um grupo de jovens que seguiu os caminhos da oração e da canção. E nasceu a Revolução Jovem, a RJ, que citei aqui dia desses. Se o mundo vivia suas guerras e revoluções, Jundiaí ganhava a RJ, comandada pelo padre Victor Silva, um apaixonado pela música e pela oração! E estes jovens passaram, então, a comandar a missa das 9h30, chamada de Missa dos Jovens. Com música, muita música e animação. Jovens subindo e descendo as escadarias principais da igreja da Vila Arens, jovens sorrindo ao se cumprimentar, jovens que lotavam os bancos e participavam da celebração. Na maioria das vezes, acompanhados pelos pais. Meu grupo era formado por crianças e adolescentes, que participava da missa das 7h30, seguida de reunião semanal, terminando exatamente no horário em que começava a missa dos jovens. E sabíamos que nossa reunião deveria terminar, quando o primeiro canto, iniciado pelos violões chamava os jovens à celebração: “Sempre encontrando, sempre encontrando, sempre encontrando nosso irmão...” E o silêncio imperava na igreja para ouvir os jovens cantando... Terminando a reunião das crianças, eu subia os degraus da igreja e me postava na porta da mesma para ver e ouvir os jovens cantores: “Se uma boa amizade você tem, louve a Deus pois a amizade é um bem”. 

Os violões dos jovens e as vozes afinadas tinham, com certeza, a orientação do Padre Victor. E vinham melodias para provoca emoções: “Para mim a chuva no telhado é cantina de ninar...” ou ainda “fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas...” e até mesmo “Porta Estandarte”, “Fica mal com Deus” ou ainda “Alô, bom dia!” eram algumas das canções que o coral jovem interpretava e os fieis acompanhavam. O tempo passa, as pessoas se separam, se afastam umas das outras. Algumas nunca mais cruzam pelos nossos caminhos, mas outras se perpetuam em nossas mentes e corações. E no final da década de 1970 me casei, mudei para Campinas e, por sorte do destino, encontrei Padre Victor, comandando a paróquia Divino Salvador, no Cambuí. E foi ali que tive uma convivência maior com ele e aprendi a conhecer a força espiritual deste padre. E sempre que ele chegava ao altar para a celebração, mesmo sem cantar os perfumes das rosas que ficam nas mãos e sem cantiga de ninar, surgia diante de meus olhos o grupo da RJ tocando e cantando a beleza da vida... Pena que ele se foi tão cedo para poder formar o coro dos anjos no céu!

Nelson Manzatto é jornalista (nelson.manzatto@hotmail.com)