23 de novembro de 2024
OPINIÃO

A passagem da vida


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Finados é dia de saudade, esperança e reflexão

Vivemos com a comunidade cristã no mundo todo, mais um dia dedicado às orações aos que alcançaram a vida eterna. Todos os seguidores das pegadas de Cristo celebram cada uma dentro de seus princípios: sua Vida, Morte e Ressurreição.

O ensinamento da ressurreição marca muito a razão da saudade a todos aqueles que já nos deixaram, mas começaram uma nova vida, agora espiritual. Ressurreição que, embora continue a ser celebrada, parece perder o seu significado maior na sua exaltação.

Estes entes queridos não estão mortos, estão vivos, mais do que nós e pedem para não serem esquecidos.  As tendências da vida moderna parecem nos afastar da vontade divina.

Temos que compreender que suas vidas não foram tiradas, mas transformadas. Nada se acabou. Nossos olhos não podem ser ofuscados pela fé e devem brilhar na esperança que um dia nos juntaremos a eles.

Os pagãos deram nome de necrópole, cidade dos mortos, onde enterravam os seus predecessores, enquanto que os cristãos, na esperança de dias melhores, o chamaram de cemitério, lugar dos que dormem. Quantas boas lições nos dá esta passagem da vida humana.

Diante das tragédias existentes, da violência incontida, do nosso modo de pensar, da nossa maneira de ser, dos incontáveis necessitados, da nossa cegueira espiritual, esquecemos, muitas vezes, o caminho de luz, que nos foi deixado.

Que a lembrança dos que foram sejam lembradas somente pelo amor que nos inspirou, ensinou e dedicou. Finados é uma boa oportunidade de revermos o além da vida, questionar ideologias e mudar atitudes. Mais importante não é a chegada, mas o caminho a ser percorrido, com dedicação e fé na vontade de Deus.

Como no dizer de Chico Xavier: “Na vida não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e acima de tudo, importa o que fazemos de nós”.

Temos de acreditar no mundo espiritual. Como escreveu Michel de Montaigne, filósofo francês, : ...não sabemos onde a morte nos aguarda, esperamo-la em toda a parte. Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade; quem aprendeu a morrer, desaprendeu de servir, nenhum mal atingirá quem na existência compreendeu que a privação da vida não é um mal, saber morrer nos exime de toda sujeição e constrangimento.

Que neste Finados lembremos daqueles olhos queridos antigos e de palavras amigas antigas que nos conduziram a lugares tão distantes de amor e perdão por onde estivemos. Que este dia traga estas doces imagens humanas, que nos deram a oportunidade de viver e sonhar

Rezemos sempre pelos que nos precederam nesta vida humana. Não os deixe no esquecimento. Por certo hão de nos proteger e, principalmente, interceder na cura de nossas falhas, nesta breve passagem da vida.

Homenagem aos mortos é não esquecer. Esses não nos esquecem e nos fazem a doce companhia, sempre eterna. Prestemos com muita saudade a nossa homenagem aos que partiram neste dia de Finados.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)