21 de novembro de 2024
OPINIÃO

O presidente caiu, e não foi golpe!


| Tempo de leitura: 4 min

Nesta semana, a respeito do presidente Lula, o que mais foi dito refere-se a seu acidente doméstico, Lula, que no próximo domingo completará 79 anos, protagonizou um acidente doméstico. É fato que o artigo não é para questionar a legitimidade de sua gestão ou questionar sua idade perante sua atividade, e sim, falar sobre quedas no público 60+ e a segurança dos idosos. Com o envelhecimento da população, esse problema se torna cada vez mais relevante, exigindo atenção e estratégias adequadas.
               
Estudos mostram que aproximadamente um terço das pessoas com mais de 65 anos sofrem quedas anualmente. Essas quedas não são apenas incidentes infelizes; elas podem resultar em sérias consequências. Entre as sequelas mais comuns, como fraturas, especialmente no quadril, fêmur, punho e coluna vertebral, além de contusões e traumas cranianos. As quedas são uma das principais causas de hospitalização e podem levar a complicações que, muitas vezes, resultam em perda de independência e redução da qualidade de vida. 
                 
Falei sobre este tema em outro artigo, mas como é um assunto de suma importância, vale a pena ressaltar o assunto.
                 
O tratamento pós-queda pode ser extenso e caro. Os custos relacionados a hospitalizações, reabilitação e cuidados continuados podem sobrecarregar não apenas o sistema de saúde, mas também as finanças das famílias e o emocional do cuidador familiar, que é o responsável por organizar toda a infraestrutura de assistência. A reabilitação pode envolver fisioterapia, terapia ocupacional e, em alguns casos, cirurgia. Infelizmente, muitos idosos não conseguem retomar suas atividades normais após uma queda, o que leva a um ciclo de dependência e maior risco de novas quedas. A boa notícia é que existem várias estratégias que podem ajudar os idosos a prevenir quedas e a manter-se ativos por mais tempo. 
               
A fisioterapia é fundamental para fortalecer os músculos e melhorar o equilíbrio. Profissionais podem desenvolver programas personalizados que ajudam os idosos a se tornarem mais seguros ao se moverem e fortalecidos. Um ambiente seguro é crucial. A remoção de tapetes soltos, a instalação de barras de apoio e a melhoria da iluminação são medidas simples que podem fazer uma grande diferença. Usar fitas antiderrapantes em áreas molhadas, barras de segurança e assentos adequados minimizam muito estes acidentes.
             
Profissionais de terapia ocupacional podem ajudar os idosos a encontrar maneiras seguras de realizar suas atividades diárias, promovendo a independência e o bem-estar. Eles podem sugerir adaptações no lar e técnicas para evitar situações de risco.
               
A prática regular de exercícios, como caminhadas pilates, yoga e tai chi, e por que não, academia?, aumentam a força e o equilíbrio, que é o pilar da longevidade com autonomia. Esses exercícios não apenas melhoram a condição física, mas também promovem o bem-estar mental.
               
Consultas regulares ao médico são essenciais. Avaliações de medicações e a verificação de condições de saúde que possam afetar o equilíbrio são fundamentais para prevenir quedas. A polifarmácia, assunto para você, meu leitor, que já deve ter ouvido que a interação medicamentosa inadequada, pode sim, causar acidentes, devido tonturas e confusão mental. Não posso deixar de citar a desidratação, privação de sono e o estresse que podem gerar episódios de desatenção e acabar resultando em acidentes. 
               
Idosos ativos tendem a ter menos histórico de quedas. A atividade física regular não só melhora a força e o equilíbrio, mas também contribui para uma melhor saúde cardiovascular e mental. Participar de atividades comunitárias, grupos de caminhada ou até mesmo aulas de dança podem ser uma forma divertida de se manter ativo e socialmente engajado. Lembro que o Brasil registra média de 9 mil óbitos por ano, por quedas. Aos mais longevos, 80+, os dados são mais assustadores, pois 40% dos idosos caem.
               
A prevenção de quedas deve ser uma prioridade, não apenas para o governo, mas para toda a sociedade. Investir em educação, infraestrutura e serviços de saúde para a população idosa é fundamental para garantir que nossos cidadãos mais velhos possam viver de forma segura e ativa. Com as estratégias certas, é possível reduzir o risco de quedas e melhorar a qualidade de vida dos idosos, permitindo que desfrutem de seus anos de vida com dignidade e independência.

Edvaldo de Toledo é empresário, enfermeiro, especialista em Gerontologia e Geriatria, Criador da Cuidare e Apresentador do IssoPodAjudar PodCast do Jornal de Jundiaí.
(atendimento@edvaldodetoledo.com.br)