21 de dezembro de 2024
OPINIÃO

Precisamos melhorar


| Tempo de leitura: 3 min

Jundiaiense que adora sua terra, sou profundamente empenhado em torna-la mais conhecida e também amada. Por isso, animei-me a acompanhar o ranking de eficiência divulgado pela Folha de São Paulo no dia 3 de setembro, relação das cidades que fazem mais gastando menos.

Anuncia a reportagem de Fernando Canzian e Renata Nunes, que esse REM-F é uma ferramenta criada pelo jornal para permitir que leitores consultem quais os prefeitos que entregam mais saúde, educação e saneamento, com menor receita disponível.

O grau de eficiência leva em consideração as áreas de saúde, educação e saneamento e o critério do cálculo é verificar qual a relação entre gestão e receita per capita de cada município.

Esperei encontrar Jundiaí entre as vinte melhores cidades do Brasil. Mas não estamos lá. O melhor lugar é Botucatu, seguido de Belo Horizonte, Vitória, Volta Redonda, Tubarão, Catanduva, Fernandópolis, Maringá Florianópolis e Ribeirão Preto.

Fui então fazer a pesquisa completa. E estranhei a nossa colocação. No ranking geral, Jundiaí está em 732º lugar. Pior ainda, quando se avalia a educação: somos a 1049ª cidade, dentre as 5.570 do país. O saneamento nos reserva o 126º lugar e em termos de receita estamos em 1229º.

Como é recente o anúncio, que, naturalmente, nos deixa contentes, de que somos campeões em vários aspectos, fico a questionar se os critérios da Folha deixaram de lado a situação de nosso município ou se, de fato, precisamos melhorar esses índices.

O importante é que saibamos que é sempre possível aprimorar as condições de um espaço territorial, para que nele as pessoas tenham melhor qualidade de vida.

Este ano de secas extremas, que já atinge mais da metade do Brasil, é preciso zelar pelo abastecimento de água e evitar incêndios. O país está em chamas. Não só na Amazônia, no Pantanal – que vai desaparecer logo, conforme admite o próprio governo, que neste ponto está acompanhando os desolados cientistas – no Cerrado e na nossa Mata Atlântica.

Temos um tesouro, gradualmente atacado, que é a Serra do Japi. A especulação imobiliária chega sorrateira, mas avança de forma incessante. E já houve muitos incêndios criminosos numa região que precisa ser preservada, para garantir a biodiversidade e o abençoado microclima da região.

Não tenho visto movimento para aumentar a expropriação de áreas, com a destinação de torná-las públicas e vocacionadas a serem refúgios biológicos, assim como ocorria em anteriores gestões municipais. Ainda é tempo de recuperar o tempo perdido e de impedir que a densidade urbana atinja aquele espaço. Além da paisagem, ele pode se converter em ponto precioso de um consciente e consistente ecoturismo, desde que se proteja o seu perímetro e a área do entorno. Quando esta se adensa em construções, ela deteriora o interior da cobertura vegetal.

É preciso estar no radar dos administradores e dos que pretendem ser gestores da cidade, que a Serra do Japi é um complexo muito frágil. Derrubada a mata, ela tem tudo para se tornar deserto, assim como grande parte do Brasil já se tornou.

Salvemos nosso tesouro e melhoremos os índices jundiaienses. Ou corrijamos os critérios da Folha de São Paulo.

José Renato Nalini é Reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)