22 de dezembro de 2024
OPINIÃO

O papel do G20 e as propostas do setor privado


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O encontro oficial do G20, com a presença dos chefes de Estado, está marcado para 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. Uma prévia da reunião do grupo que congrega as maiores economias do mundo, porém, já aconteceu na semana passada, em Nova York.

Sob a liderança do Brasil, que preside o G20 pela primeira vez, foi realizada uma reunião do grupo durante o encontro anual da Assembleia Geral da ONU. O tom foi um chamamento para a reforma da governança dos organismos internacionais criados no pós-guerra, como a própria Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC), para garantir mais representatividade.

É preciso adequar aos novos tempos esses importantes fóruns mundiais, desenhados há quase 80 anos. O Brasil, historicamente, defende a reformulação do Conselho de Segurança da ONU e reivindica um assento permanente no grupo.

A perda de relevância das instituições multilaterais pede que esses organismos sejam repensados à luz da geopolítica contemporânea, com maior participação do Sul Global. Enquanto isso não ocorre, é o G20 que tem assumido o papel de principal palco das discussões mundiais.

O G20 congrega 19 das principais economias do mundo, mais União Europeia e União Africana. Reúne dois terços da população mundial, representa 85% da economia e mais de 75% do comércio global. O grupo debate e define políticas acerca de temas econômicos, sociais, ambientais, de saúde, entre outros.

O setor privado também tem voz por meio do B20 (Business 20), que tem por objetivo propor recomendações aos líderes do G20, conectando os atores privados ao poder público.

No Brasil, o B20 é coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidido pelo empresário Dan Ioschpe, segundo vice-presidente da Fiesp. Sob o tema “Crescimento inclusivo para um futuro sustentável”, o entendimento é que as iniciativas tomadas nesta década irão definir o futuro das próximas gerações.

Ao longo de 2024, cerca de 1.200 representantes dos mais diversos setores da economia nacional estiveram envolvidos em discussões. Líderes empresariais coordenaram os seguintes grupos temáticos: transição energética e clima; comércio e investimento; sistemas alimentares sustentáveis e agricultura; conselho de ação mulheres, diversidade e inclusão; finanças e infraestrutura, emprego e educação, transformação digital; e integridade e compliance.

O B20 Brasil já entregou ao governo brasileiro o resultado de seus trabalhos. Trata-se de um documento, com a visão de quem faz negócios no país, para construir uma economia global resiliente.

Entre as recomendações, podemos destacar a necessidade de facilitar a transição para uma economia de baixo carbono acelerando a participação do capital privado. Afinal, para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, é preciso viabilizar investimentos anuais entre US$ 5 bilhões e US$ 8,5 bilhões, até 2030.

Além disso, deve-se criar mecanismos para triplicar a capacidade energética renovável até 2030, estabelecer metodologias aceitas internacionalmente para cálculo da pegada de carbono de produtos e rever políticas comerciais restritivas unilaterais dos países do G20 dos últimos três anos.
No âmbito social, o B20 Brasil defende garantir acesso equitativo à educação para estudantes de baixa renda e com deficiência, melhorar a educação básica, profissionalizante e tecnológica, bem como promover a liderança ética, combatendo o assédio.

Por fim, no campo tecnológico, atingir a conectividade universal e promover a segurança cibernética, com abordagem responsável para a Inteligência Artificial. 

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)