21 de dezembro de 2024
OPINIÃO

Datena VS Marçal


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O episódio envolvendo José Luiz Datena e Pablo Marçal no Debate para a Prefeitura de São Paulo realizado pela TV Cultura de São Paulo, revela mais do que uma simples cena de violência; ele expõe uma falha profunda na postura de alguns candidatos e no próprio formato dos debates eleitorais. Datena, em sua trajetória como apresentador do Brasil Urgente, sempre esteve no papel de crítico, apontando os problemas alheios, sem nunca precisar construir soluções ou lidar diretamente com a política. Quando colocado em uma situação de debate político, onde é necessário ter articulação e defender suas ideias com serenidade, ele mostrou que não está preparado para o embate direto, especialmente ao lidar com provocações como as feitas por Pablo Marçal. Sua reação, além de desproporcional, demonstra a falta de habilidade para dialogar em um ambiente democrático e plural.

Por outro lado, Marçal também teve uma estratégia clara durante o debate: desestabilizar seus adversários. Ele começou nos debates anteriores provocando o candidato Guilherme Boulos e, em seguida, tentou fazer o mesmo com a candidata Tabata Amaral. Ambos, no entanto, mantiveram a compostura e não caíram na armadilha retórica de Marçal, o que fez com que o candidato provocador mudasse o foco para Datena. Sabendo que o apresentador, não acostumado a receber críticas, teria uma reação impulsiva, Marçal direcionou suas provocações a ele, obtendo o resultado que desejava: a criação de um espetáculo. Isso não apenas desvia o foco das discussões importantes, como também prejudica a qualidade do debate eleitoral. Apesar das críticas válidas ao comportamento de Marçal, nada justifica a forma como ele conduz suas provocações, que mais atrapalham do que contribuem para o enriquecimento do debate político.

Essa situação reforça a necessidade de que as regras dos debates sejam revistas, para que o foco retorne ao que é essencial: as propostas de cada candidato para a cidade e para a população. Candidatos que utilizam táticas provocativas e que fogem do conteúdo político devem ser contidos por regras claras e firmes, garantindo que o eleitor tenha a oportunidade de ouvir propostas concretas para o futuro do seu município. O Estado Democrático de Direito, em sua essência, exige que os candidatos estejam à altura do respeito que o eleitor merece, demonstrando equilíbrio, respeito mútuo e compromisso com o progresso. Somente com uma regulamentação mais adequada dos debates poderemos garantir que o processo eleitoral se mantenha focado no que realmente importa: o bem-estar da população e o desenvolvimento do país e dos nossos municípios.

Marcelo Silva Souza é advogado e consultor jurídico (marcelosouza40@hotmail.com)