27 de setembro de 2024
OPINIÃO

Os adolescentes e as redes sociais


| Tempo de leitura: 2 min

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Michigan promoveram um debate visando ajudar os adolescentes com o uso das redes sociais. Destacam que o desenvolvimento do cérebro vai até os 20 anos e a tomada de decisões, bem como a regulação emocional e comportamental, vai até os 25 anos. Em outras palavras, necessitam de algum tipo de proteção até essa idade.

Em uma pesquisa de 2022, 95% dos adolescentes relataram ter um celular, e quase todos os adolescentes relataram possuir um aos 13 anos. A maioria dos adolescentes usa YouTube, TikTok, Instagram e Snapchat diariamente, e 46% dizem que usam a internet quase constantemente. Ao mesmo tempo, os problemas de saúde mental crescem entre os adolescentes. Um estudo nacional recente com estudantes do ensino médio verificou um aumento nos sintomas de depressão, incluindo pensamentos suicidas, planejamento ou tentativa de suicídio.

Esse aumento simultâneo, documentado em outros estudos, aponta que o uso das redes sociais, combinado com outros fatores, impulsiona os problemas de saúde mental dos adolescentes.

Embora a pesquisa não indique uma causa específica, sugeriu três fatores que se correlacionam com o uso das redes sociais e os resultados de saúde mental: (1) Idade de acesso: jovens que relataram ter acesso a um celular mais cedo tendem a ter pior saúde mental. (2) Quanto usa: em adolescentes mais jovens (11-15 anos), um maior uso de redes sociais pode ser prejudicial à saúde mental, mas em adolescentes mais velhos (16 anos ou mais), parece ser benéfico. (3) Gênero: o impacto das redes sociais na saúde mental geralmente é pior para meninas.

Quais são os prós e contras das redes sociais? Os jovens podem formar amizades online ou sentir que pertencem a uma comunidade virtual, o que pode ajudá-los a se sentirem compreendidos, apoiados e com a identidade valorizada.

As redes sociais também podem incentivar a criatividade, já que praticamente todo interesse, hobby ou ofício tem uma comunidade online. Plataformas como o YouTube oferecem conteúdo educativo de alta qualidade, que pode ser uma ferramenta valiosa de aprendizado.

Porém, os adolescentes podem estar expostos a conteúdos prejudiciais, pessoas perigosas, problemas de privacidade ou cyberbullying. É muito importante falar sobre segurança na internet com as crianças e ensiná-las a lidar com essas situações quando surgirem.

Eles podem sentir desespero, e a capacidade de resolver problemas pode desaparecer. Sentir que sempre podem recorrer a um cuidador de confiança será uma proteção em situações assustadoras ou perigosas.

Um estudo recente da Michigan Medicine perguntou a jovens de 14 a 24 anos nos EUA como eles percebem e regulam seu próprio uso das redes sociais e quais conselhos dariam a seus pares mais novos.

Alguns dos conselhos dados pelos jovens alinham-se com as normas profissionais, incluindo: evite interagir com pessoas desconhecidas online; silencie contas negativas; use lembretes sobre o tempo gasto no aplicativo; seja gentil online; não se esqueça da vida real; evite basear seu valor em curtidas ou comentários.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano (mariosaturno@uol.com.br)