21 de novembro de 2024
OPINIÃO

Luz e Sombra no uso do ChatGPT


| Tempo de leitura: 3 min

A dualidade é uma marca registrada da vida no planeta Terra que moldam nossa compreensão da realidade. Luz e sombra, bem e mal, alegria e tristeza etc. As polaridades não apenas coexistem, mas também se complementam, definindo a essência da experiência humana.  A dualidade entre luz e sombra é uma das metáforas mais antigas para se descrever as complexidades da vida. A luz representa clareza, conhecimento e bondade, enquanto a sombra simboliza escuridão, desconhecimento e maldade. Essa visão dicotômica muitas vezes ignora a interdependência entre essas forças e não poderia ser diferente quando tratamos do uso de tecnologias, do ChatGPT.

Aproximadamente 13 milhões de consultas são realizadas diariamente no ChatGPT, segundo pesquisa da EduBirdie, principalmente pela Geração Z, demonstrando a popularidade e a utilidade do uso da ferramenta, bem como, os desafios que precisam ser considerados, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio entre seu uso e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais. Para 49% dos respondentes, quando se trata dos benefícios, afirmam que a inteligência artificial os tornou mais criativos, enquanto 46% disseram que aumentou a produtividade. Quanto às desvantagens, a resposta mais comum é a preocupação em ficar dependente da ferramenta. No entanto, a pesquisa da EduBirdie destaca que o ChatGPT desperta sentimentos mistos neste grupo.

De um lado temos a facilidade e a rapidez de acesso à informação para trabalhos escolares, pesquisas pessoais ou resolução de dúvidas do dia a dia, ajudando-os a compreender matérias complexas e a preparar-se para exames. Mas o uso excessivo pode gerar dependência do ChatGPT para responder às suas perguntas mais triviais, o que pode limitar o desenvolvimento de habilidades críticas, como a capacidade de pesquisa independente e o pensamento crítico.

O Financial Times, publicou artigo, recentemente, dimensionando o uso da IA para a procura de emprego. Recrutadores estimam que até 50% dos currículos recebidos foram gerados por ferramentas de inteligência artificial. Como consequência, ocorreu o aumento no volume de inscrições e a padronização dos currículos enviados, com conteúdo escrito de forma similar, recheado de palavras-chave, dificultando a escolha do candidato que utilizaram a IA, inclusive, para responder tarefas de avaliação. Já pesquisa realizada pela Neurosight, cerca de 57% dos 1.5 mil estudantes entrevistados que procuram empregos recorreram ao ChatGPT. Aqueles que possuem a versão paga, com modelos de linguagem mais avançados, também o utilizam para passar em testes psicométricos com mais facilidade dos que tem plano gratuito.

A utilização de IA generativa para criação de currículos, participação em processos seletivos e, em especial, avaliações pessoais, é um tema que exige uma reflexão ética profunda. Embora a IA possa ser uma ferramenta poderosa para melhorar a eficiência e a produtividade, seu uso deve ser cuidadosamente considerado para garantir que não comprometa a autenticidade, a justiça e a integridade dos processos de emprego. A linha divisória é muito tênue. À medida que a tecnologia avança, será cada vez mais importante desenvolver diretrizes claras para garantir que a IA seja usada de maneira ética e responsável no ambiente de trabalho.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)