Desde quando eu era ateu, ficava incomodado com quem ganha dinheiro usando Jesus Cristo. Não me refiro somente aos pastores que ficam milionários, alguns bilionários, pregando a palavra de Deus, mas a todos que auferem grandes lucros vendendo ao povo, pobre ou não, seus livros, músicas, vídeos, cursos, etc.
É claro que quem vive pela palavra é digno do pagamento, mas o luxo é uma bofetada ao estilo do guarda de Anás. Direitos autorais sobre obras que tratam de Deus parece-me estranho, causa espécie! Por isso eu louvo o Vaticano que abre todos os seus documentos, de graça, só paga se quiser em papel, ou seja se tiver custo significativo. Algo que a CNBB deveria imitar, abrir os documentos em PDF.
Converti-me cristão após ler o Novo Testamento e sempre me instruiu as muitas perícopes que tratam do assunto, a começar com: “ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza (Mt 6, 24).
Todos devem estar atentos a esse alerta: o terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa (Mt 13,22, Lc 8,14). Mas as preocupações mundanas, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e a tornam infrutífera (Mc 4, 19).
Conheço as tuas obras, não és nem frio nem quente, vou vomitar-te. Pois dizes: sou rico, faço bons negócios, de nada necessito - e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu (Apo 3,15-17).
Os discípulos ficaram assombrados com suas palavras, mas Jesus replicou: “filhinhos, quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que põem a sua confiança nas riquezas (Mc 10, 24)! Jesus disse então aos seus discípulos: “Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos Céus! (Mt 19,23). Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19,24, Mc 10,25).
E propôs-lhe esta parábola: Havia um homem rico cujos campos produziam muito. E ele refletia: que farei? Não tenho onde recolher a minha colheita. Disse então: construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão (Lc 12,16-20)?
A estas palavras, Jesus lhe falou: ainda te falta uma coisa, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Ouvindo isso, ele se entristeceu, pois era muito rico (Lc 18,22-23).
E disse então ao povo: “Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas” (Lc 12,15). Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras (Lc 16,11)?
Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança nas riquezas volúveis, mas em Deus, que nos dá abundantemente todas as coisas para delas fruirmos (I Tim 6,17).
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (mariosaturno@uol.com.br)