27 de setembro de 2024
DE JUNDIAÍ A PARIS

Família larga tudo por sonho e atleta vira 'diamante' do handebol

Por Luana Nascimbene |
| Tempo de leitura: 4 min
BRUNO RUAS/@RUASMIDIA
Kelly disputou campeonatos das categorias infantil e cadete pelo time de Jundiaí, sempre se destacando em quadra

A atleta de handebol da seleção brasileira feminina, Kelly Rosa, de apenas 20 anos, viu sua família largar tudo em Goiás e vir para Jundiaí em busca do sonho dela de se tornar atleta profissional. Considerada um dos maiores talentos da modalidade, a meia-esquerda jogou nas categorias de base do Jundiaí Handebol Clube e hoje está em Paris representando o Brasil em sua primeira olimpíada.

Kelly nasceu em Brasília, mas sua paixão pelo handebol começou em Caldas Novas. Com apenas 9 anos ela começou a disputar competições estaduais e regionais, sempre incentivada pela família. Seu pai, o educador físico e proprietário de uma academia de handebol, André Lemos, foi quem passou sua paixão pelo handebol para a menina que se tornou um dos maiores diamantes das quadras. 

A família de Kelly nunca mediu esforços para que ela fosse em busca do sonho. Aos 9 anos, ela contou para os pais que o maior sonho da sua vida seria jogar na Europa e representar a seleção brasileira. E em menos de 10 anos isso já havia se tornado realidade, mas com muito esforço envolvido. “Em 2015, a Kelly passou em uma seletiva em São Bernardo do Campo, na categoria mirim. Nós fazíamos as viagens de Caldas Novas para o ABC Paulista de carro, pegando mais de 12 horas de estrada. Fizemos isso mais de 20 vezes para que ela pudesse jogar o Campeonato Paulista”, contou o pai.

DE JUNDIAÍ PARA O MUNDO

E foi em Jundiaí que a atleta deu os passos mais longos para conquistar o mundo. Em 2016, a madrasta da mãe da Kelly entrou em contato com a técnica Rita Orsi, do time de handebol de Jundiaí, pedindo uma oportunidade para a jovem jogar pela equipe da cidade. “Começamos a conversar com a Rita e ela convidou a Kelly para uma seletiva, e ela foi aprovada. Em 2016, em uma reunião de família, decidimos nos mudar para Jundiaí para seguir o sonho da nossa filha. Ela jogou dois anos na cidade e, nesse período, foi artilheira feminina e vice-artilheira geral do Campeonato Paulista. Isso juntando as categorias mirim, infantil, cadete, juvenil, júnior e adulto, tanto no masculino quanto feminino. E nesses dois anos a gente aprendeu muito com a comissão técnica do JHC. Foi muito bacana”, explicou André.

Auxiliar técnica da equipe jundiaiense, Camila Dionizio presenciou todos os passos de Kelly no time jundiaiense e, desde que a atleta chegou em Jundiaí, ainda adolescente, já era um dos maiores destaques da modalidade. “Desde muito nova a Kelly já era um talento. Sempre imaginávamos que ela chegaria longe. Ela chegou em Jundiaí na categoria de base, quando seus pais venderam tudo para apostar na filha. E ela já chegou se destacando. Sempre foi uma menina muito à frente da sua categoria”, disse a auxiliar.

Kelly disputou campeonatos das categorias infantil e cadete pelo time de Jundiaí, sempre se destacando em todas as quadras que pisava. Desde muito nova, a atleta já era vista como um dos maiores talentos do handebol. “Em qualquer outra equipe ela jogaria para ganhar sozinha e pularia etapas na sua formação, mas aqui decidimos seguir o processo para desenvolver ela da melhor maneira possível, para que ela chegasse bem em outros times. Quando ela estava aqui ela já recebia muitas propostas, até para a Europa, mas a professora Rita falava para a família dela que ainda não era o momento de sair, se não ela seria ‘só mais uma’ lá fora”, completou Camila.

Quem também fez parte da trajetória da Kelly em Jundiaí foi o técnico da categoria infantil, Diogo Souza, também conhecido como ‘Boi’. O professor comemorou as conquistas da jogadora e ressaltou que ela está seguindo os passos de grandes jogadoras. “A Kelly sempre foi diferenciada. Desde nova ela já demonstrava uma habilidade diferente, muito acima da idade dela. Além disso, sempre foi uma menina muito humilde, companheira de todas as outras atletas do time. A passagem dela em Jundiaí foi muito boa. A gente fica muito feliz de ter participado de uma parte da trajetória dela”.

Após passagem por Jundiaí, a jogadora foi atuar no Clube Pinheiros, onde foi campeã brasileira e estadual e continuou se destacando. Com apenas 18 anos, Kelly se transferiu para a Espanha, onde atuou pelo Sporting La Rioja e hoje defende o Elche, um dos principais times do país.

Hoje, com apenas 20 anos, Kelly está defendendo a seleção brasileira feminina de handebol nas Olimpíadas de Paris pela primeira vez em sua carreira. Ela já havia disputado o Sul-Americano, na categoria cadete, e o Pan-Americano e Mundial na categoria adulta.

Com a sensação de sonho realizado, o pai de Kelly não escondeu a emoção e a felicidade em ver sua filha dominando cada vez mais o handebol. “A convocação dela para as Olimpíadas foi a realização de um sonho dela e de toda a família. Somos muito gratos a Deus e o sentimento é de gratidão e alegria. Eu sei do potencial dela, falo pra ela desde os 9 anos que ela vai ser a melhor do mundo. Acredito muito em Deus e, pela disciplina e amor ao handebol que ela tem, ela vai jogar nas melhores equipes do mundo e nas maiores ligas do mundo”, completou André.