22 de julho de 2024
4, 5, 6 e 9 ANOS

Três crianças são sequestradas e uma é agredida em Jundiaí

Por Fábio Estevam | Polícia
| Tempo de leitura: 4 min
JORNAL DE JUNDIAÍ
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Três crianças foram sequestradas e encarceradas e, uma quarta criança foi agredida com enforcamento, na noite deste domingo (21), na Vila Alvorada, em Jundiaí. Elas são irmãs, têm 4, 5, 6 e 9 anos, e estavam em Jundiaí acompanhando a mãe, que é de São Paulo e veio à cidade para um encontro amoroso com uma mulher, que conheceu em um site de relacionamentos. E é justamente esta mulher a suspeita do crime, que foi detida por policiais militares na Comunidade Meias-Aço, onde levou as crianças com ela para comprar cocaína.

Conduzida ao Plantão Policial, ela foi presa pelo delegado Rodrigo Carvalhaes, em flagrante, por sequestro e cárcere privado, ameaça, lesão corporal e violência doméstica.

ENTENDA

Por volta das 14 horas a PM foi solicitada de forma anônima para atendimento de uma briga de casal, e uma casa na Vila Alvorada. Chegando ao local, os agentes se depararam com duas mulheres na calçada, feridas e sangrando bastante. Ao constatarem que se tratava de vítima e autora, os agentes a separaram para serem questionadas, sendo que subitamente uma delas (que é moradora da casa), correu para dentro de um carro que estava na garagem. No veículo já estava um homem (também morador da casa) no banco do condutor, e ambos arrancaram e fugiram do local.

Enquanto acionavam apoio, os PMs passaram a conversar com a mulher detida, que contou que mora em São Paulo e havia conhecido uma mulher (a que fugiu) em um site de relacionamentos, e que estava em Jundiaí para um encontro amoroso com ela. Porém, como tem quatro filhos, todos crianças, ela os trouxe junto.

Enquanto estavam na casa (no local moram quatro pessoas, que dividem aluguel), a suspeita pediu a ela dinheiro para comprar cocaína e, como ela se negou a dar, por não concordar com o uso de drogas, teve início uma discussão. Neste momento, a 'ficante' enraivecida começou a enforcar o filho da outra, de apenas 9 anos. A mãe, em defesa do filho, partiu para cima da ficante e elas entraram em luta corporal.

Uma outra mulher que também mora na casa, com o intuito de tirar as crianças do ambiente hostil que havia se criado, colocou as três mais novas (de 4, 5 e 6 anos) no carro e as levou para passear, indo até uma agência bancária.

Quando retornou, porém, ela estava sem as crianças e foi questionada pela mãe. Foi quando ela explicou à mãe e aos policiais, que no trajeto de volta havia encontrado com a outra mulher (a ficante fugitiva), e que pensando que a confusão havia se encerrado e a paz estava restabelecida, entregou as crianças a ela.

Neste momento a mãe e a senhora moradora da casa entraram em pânico e começaram a ligar para o homem que estava com a 'ficante fugitiva', sendo que ela mesma atendeu o celular, dizendo que estava com as crianças e que iria agredi-las. Durante a conversar, comentou também que estava indo até a Meias-Aço para comprar drogas.

O RESGATE

Diante disso, os policiais deixaram o local e foram até a Meias-Aço, onde acabaram localizando o carro dos suspeitos, estacionado. No veículo estavam o homem e as três crianças, que choravam muito e gritavam que haviam sido raptadas.

As meninas foram resgatadas e colocadas na viatura, em segurança, sendo que, enquanto conversavam com o homem condutor do carro, a suspeita fugitiva apareceu, partindo para cima do policial. Sua parceira, ao perceber que a situação era grave, usou a arma de choque para conter a agressora, que caiu ao solo - nesse meio tempo o homem entrou em seu carro e fugiu do local, mais uma vez.

Com a 'ficante fugitiva' foi encontrada uma porção de cocaína.

A mãe das crianças, o filho de 9 anos e a suspeita dos crimes foram levados ao hospital, onde foram constatadas lesões nas duas, e sinais de enforcamento no garoto.

NO PLANTÃO

Todos os envolvidos foram conduzidos ao Plantão Policial, para onde também foi, por vontade própria, o homem que havia fugido por duas vezes (no momento em que saiu de casa e durante a abordagem na Meias-Aço). Ele alegou que havia sido coagido pela mulher e por isso havia fugido com ela.

Após ouvir o depoimento de todos (exceção ao das crianças, por força de lei e que deverão ser submetidas a escuta especializada), o delegado Carvalhaes determinou a prisão em flagrante da 'ficante fugitiva' - em seu depoimento ela disse: "eu não fiz nada, não sei de nada, não entendo nem porque estou presa".

Com relação à mãe das crianças, sobre as agressões que ela praticou contra a 'ficante', o delegado entendeu que foram em legítima defesa para proteger a integridade física do filho, e desta forma a livrou de acusações.

Sobre homem que havia ajudado a mulher na fuga, o delegado não se convenceu sobre as alegações de que foi coagido pela indiciada, No entanto, deixo de realizar sua prisão em flagrante por sequestro, em função da sua apresentação espontânea na delegacia.

Em relação à senhora que havia levado as crianças para passear e que depois as deixou com a suspeita, Carvalhaes entendeu que não houve concordância dela com o sequestro, e sim apenas retirar, momentaneamente, as crianças do ambiente inadequado em que se encontravam no momento dos fatos.

O caso deverá ser encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para ser investigado.