21 de dezembro de 2024
OPINIÃO

A história de Pituca


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Quando nos mudamos para Campinas, um ano após nosso casamento, decidimos que era necessário um animal para fazer companhia num tempo antes da chegada de Tiago. E a escolha foi por uma cachorrinha pequinês a que demos o nome de Pituca. Companheira constante, não ficava em casa quando saíamos de carro, principalmente porque na primeira semana conosco, acabou saindo pelas grades do portão e ficou 12 horas desaparecida. 

Por conta de sua raça, Pituca vivia mais dentro de casa do que no quintal, mas quando caminhava por ele, acabava acompanhando o movimento na rua. E quando alguém chegava ao portão, nem precisava tocar a campainha ou bater palma. Pituca se encarregava disso, latindo do portão até a porta da cozinha onde encontra Rita ou eu. Uma invasão de Tico, um cachorro vira-lata que morava próximo a nós, pelo terreno baldio que havia ao lado de casa, acabou trazendo ao mundo Pingo, de uma ninhada de três cães, mas que só ele sobreviveu. 

E ele foi ficando com ela, conosco, mas chegou o dia em que tinham de se separar. E Maria Paula, vizinha, recebeu Pingo em sua casa. Mas uma semana depois, ele foi atropelado e acabamos pegando o pequeno cão novamente. Até que Cida, outra vizinha, pediu para ficar com ele, depois que se recuperara do atropelamento. E o cão, que não gostava de gatos, acabou indo morar numa casa onde havia meia dúzia deles. E se deram bem! Mas Pituca teve nova cria, desta feita não por conta de Tico, mas de um outro vira-lata que usou o mesmo procedimento e nasceram quatro cães que acabamos doando todos: dois machos e duas fêmeas. E Pituca ficou novamente só conosco. 

Eram poucas as vezes em que saia às ruas, tomávamos cuidado, pois haviam muitos gatos de muitos moradores que não apreciavam muito cães. Tanto que numa manhã a encontramos morta, perto do portão, porque alguém havia jogado carne envenenada para ela. Mas como existem situações como esta, passamos alguns anos sem um cão de companhia, até porque Tiago já estava crescendo e era importante nos dedicarmos a ele. Mas ainda vieram Tobby, um cão que demos embora porque batia no Puppy que já contei sua história aqui, veio Catucha, que desapareceu por encanto e hoje, com mais de 14 anos e com problemas terríveis de dores nas ancas, está conosco Django, um pastor alemão, quase cego, quase surdo, mas que vive dias de tranquilidade. 

Foram muitas as companhias com estes animais maravilhosos, mas nenhuma tão inesquecível como Pituca, a cachorrinha de uma raça que praticamente desapareceu não sei porquê.

Nelson Manzatto é jornalista (nelson.manzatto@hotmail.com)