O TDAH, também conhecido como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, é uma alteração do desenvolvimento que causa sintomas como desatenção e/ou impulsividade, que prejudicam a pessoa nas suas tarefas diárias. Sinto nos últimos anos uma crescente do TDAH em adultos, assim como cada vez mais em crianças e adolescentes. Conheço muitas pessoas ao meu redor com o diagnóstico para esta condição, que afeta o indivíduo desde a infância, muitas vezes, refletindo sempre em um desempenho cognitivo abaixo do esperado, em desatenção. Nos adultos, as notas sempre baixas em escolas e universidades são muito comuns, assim como muitas dificuldades no ambiente de trabalho, que inclusive, podem causar uma maior tendência a demissões em pessoas com o transtorno. Há pessoas que ficam aliviadas ao se descobrirem com o TDAH, pois começaram a entender mais sobre si mesmas.
Tenho uma amiga incrível, que está com um novo funcionário e por conta do diagnóstico de um transtorno do espectro autismo (TEA), mais o TDAH deste, resolveu estudar sobre o assunto para acolhê-lo e entender como se relacionar da melhor maneira. Achei isso tão lindo, essa é a Bruna! Foi neste momento que resolvi falar sobre o assunto aqui, para vocês. Os distúrbios neuropsiquiátricos como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, TEA, TDAH, estão cada dia mais a nossa volta, é preciso saber lidar com todos a nossa volta, isso sim é inclusão.
Sinto que o TDAH é quase que ignorado ou pouco percebido por muitos dos portadores ao longo da vida adulta, o que causa prejuízos sociais e afetivos significativos ao longo de suas vidas.
O diagnóstico, por si só, já é um grande desafio. A medicação e terapias comportamentais são muitas vezes indicadas. Os sintomas clássicos de desatenção, hiperatividade e impulsividade acompanham a vida adulta dois terços das crianças com TDAH, segundo estudos. As pessoas que têm o TDAH geralmente sentem baixa auto-estima, sempre acreditam que vão falhar, não têm credibilidade de si mesmas, apresentam problemas de relacionamentos na escola, trabalho e vida social.
O exercício físico pode ajudar e muito nos casos de TDAH, pois funciona como uma tomada que liga o sistema de atenção, incluindo o desenvolvimento do pensamento, a memória, a habilidade para inibir ou controlar respostas impulsivas e manutenção da atenção, pois ao colocar o corpo em movimento nosso cérebro inicia uma série de processos hormonais e de outras substâncias químicas, como as endorfinas, dopamina, noradrenalina e serotonina, que reduzem o desejo por novos estilos ao passo que aumentam o estado de alerta e o foco.
Sabemos que as atividades físicas por si só já ajudam na redução da hiperatividade, melhoram o humor, a ansiedade, a depressão, regulam os padrões do sono para mais profundos e reparadores, auxiliando demais em casos de TDAH. Fora que a prática de exercícios proporciona sentido de pertencimento a um grupo, contato social, prazer, fortalecendo as relações interpessoais.
Os melhores exercícios para pessoas que apresentam o TDAH são os que tenham algum estímulo aeróbico, como caminhadas e corridas, natação, artes marciais, ciclismo, yoga, pilates, treinamento funcional, esportes em equipe como futebol, vôlei e basquete, dança, o importante é escolher alguma atividade que a pessoa goste e se sinta bem, motivada para seguir regularmente, porém, a variedade das atividades pode ajudar a manter o interesse.
A alimentação balanceada, diminuição do consumo de açúcares e industrializados, os cuidados com os intestinos (nosso segundo cérebro), com a flora intestinal, são fundamentais, já que muitas evidências sugerem que o ambiente intestinal desempenha um papel significante na nossa saúde mental.
Vamos humanizar o TDAH e todos os distúrbios neuropsicológicos, é preciso de uma vez por todas entender o porque estamos nesta crescente e checar se realmente o sedentarismo, a alimentação e o estilo de vida moderno não são os verdadeiros culpados para essa epidemia de transtornos. Muita saúde a todos.
Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)