25 de julho de 2024
PESQUISA

Apoio de Bolsonaro e Tarcísio pode evitar definição no 1º turno

Por Corrêa Neves Jr. | Editor do GCN/Sampi
| Tempo de leitura: 7 min
Arquivo/GCN
Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL): fiel da balança na definição das eleições em Franca

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), pertencem ao mesmo grupo político. Apesar de estarem em partidos diferentes, navegam no mesmo espectro ideológico e têm forte influência junto ao eleitorado do interior paulista. São ativos importantes, muito mais relevantes do que o presidente Lula na disputa municipal, e podem ser o fiel da balança na definição em Franca.

Dependendo de para onde penderem e como manifestarem – ou não – seu apoio, podem ajudar Alexandre Ferreira (MDB) a vencer a corrida eleitoral no primeiro turno. Em sentido inverso, tem capacidade de impulsionar João Rocha (PL) na direção de um segundo turno contra o prefeito.

Como revelado pela pesquisa GCN/Sampi/Ágili na última sexta-feira, 21, se as eleições fossem hoje, Alexandre Ferreira teria 39,5% das intenções de voto, seguido por João Rocha (PL), com 17,4%; Guilherme Cortez (Psol), 6,8%; e Mariana Negri (PT), com 4%. Tito Flávio (PCB) viria na sequência, com 1,5%. Marcos Ferreira (PSB), Antônio Carlos Ribeiro (PDT) e Alexandre Tabah (Novo) receberiam 0,6% das intenções de voto cada. Jonas de Carvalho (Mobiliza) e João Scarpanti teriam 0,4% da preferência dos eleitores. Não votariam em nenhum dos 10 candidatos 17,8% dos entrevistados. Não sabe ou preferiram não responder, 10,4%.

Se considerados apenas os votos válidos, método aplicado pela Justiça Eleitoral para contabilizar os resultados oficiais, Alexandre Ferreira alcançaria neste momento 55%, contra 24,2% de João Rocha, 9,4% de Guilherme Cortez e 5,6% de Mariana Negri, terminando a disputa ainda no primeiro turno e conquistando o direito de governar Franca por mais quatro anos.

Se a disputa fosse para o segundo turno, Alexandre Ferreira venceria a disputa nos três cenários simulados. No primeiro, Alexandre Ferreira teria 46,2% contra 32,3% de João Rocha. Na hipótese de o adversário do prefeito ser Guilherme Cortez, a disputa terminaria com 54,3% a favor de Alexandre contra 20,6% de Cortez. No caso de um segundo turno que entre o prefeito e a candidata petista, Alexandre Ferreira teria 54,9% contra 18,6% de Mariana Negri.

Impacto do apoio de Bolsonaro, Tarcísio e Lula

A pesquisa GCN/Sampi/Ágili mediu qual o tamanho do impacto que o apoio de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e Lula poderia ter junto ao eleitorado de Franca se a disputa fosse hoje.

Para expressivos 46,6% dos entrevistados, o apoio de Jair Bolsonaro a um nome aumenta a vontade do eleitor de votar neste candidato. Cerca de 28,8% disseram que não influencia e 21,6% afirmaram que ficariam com menos vontade de votar num candidato que tivesse o apoio do ex-presidente.

Quanto a Tarcísio de Freitas, 33,9% dos eleitores disseram que ficariam mais propensos a votar num candidato que tivesse seu apoio; para 47,1%, ter ou não o apoio do governador em nada altera a definição de voto. Outros 15% disseram que ficam com menos vontade de votar em um candidato a prefeito de Franca que tenha o apoio de Tarcísio de Freitas.

O caso do presidente Lula é inverso. Ele mais atrapalha do que ajuda um candidato a prefeito que receber seu apoio. Dos entrevistados, 55,7% disseram ter menos disposição de votar em um nome que tenha seu endosso. Para 28,7%, ter Lula ao seu lado não impacta positivamente nem negativamente. Apenas 13,4% dos pesquisados afirmaram ter mais disposição de votar num candidato que receba o apoio do presidente da República.

A estratégia dos pré-candidatos

Os resultados da pesquisa GCN/Sampi/Ágili traduzem em números e ajudam a entender alguns movimentos que têm sido feitos pelos pré-candidatos a prefeito de Franca, especialmente Alexandre Ferreira e João Rocha.

Atual prefeito e candidato a reeleição, Alexandre reuniu um grande número de partidos – e vereadores – no seu projeto para conquistar nas urnas o direito de governar a cidade por mais quatro anos. Um dos partidos que participa oficialmente da coligação de Alexandre é o Republicanos, de Tarcísio de Freitas. O objetivo, claro, é atrair o governador para a disputa, conseguir mais da metade dos votos válidos e liquidar a fatura ainda no primeiro turno.

João Rocha quer tudo, menos isso. Para tentar realizar seu sonho de ser o prefeito de Franca, fez um movimento ousado no final do prazo eleitoral. Deixou o União Brasil e se mudou para o PL, partido de Bolsonaro comandado na cidade pela deputada estadual Graciela Ambrosio.

O objetivo é tentar surfar na onda conservadora, atrair o voto bolsonarista da cidade e empurrar a definição para o segundo turno. Não é coincidência que João Rocha tenha incorporado ao seu discurso reiteradas referências a “Deus” e “família”, pouco presentes em seu discurso até então e mantras da extrema-direita. Formalmente, ele terá o apoio de Bolsonaro, mas João e seu entorno sabem que só foto em santinho não é o bastante. Todo o esforço é para que Bolsonaro venha a Franca, abrace sua candidatura, participe de eventos ao seu lado e dê o impulso com que tanto sonha.

“Se a eleição fosse neste domingo, 23, tenho convicção de que Alexandre Ferreira, com 55% dos votos válidos, estaria reeleito no primeiro turno. Porém, a eleição está longe. Será em outubro. Os candidatos ainda não estão com o bloco na rua. E existe um fator interessantíssimo em Franca, mas que não é exclusivo da cidade, que surge quando perguntamos sobre o impacto do presidente Lula, do governador Tarcísio de Freitas e do ex-presidente Bolsonaro. O candidato do PL, João Rocha, aparece com 17,4%, em segundo lugar, ainda sem campanha e sem exposição. Quando a gente pergunta sobre o apoio de Bolsonaro, 46,6% dizem que levam em conta a opinião do ex-presidente. Ou seja, Bolsonaro vai ajudar João Rocha”, afirma Júlio Cesar Sanchez, diretor da Ágili Pesquisas. “É suficiente para virar o jogo e ganhar a eleição? Não sabemos e não há como fazer esta análise, mas que Bolsonaro contribui e vai dar um potencial de crescimento para esta candidatura, isso é certeza. Por isso, repito: se a eleição fosse hoje, estaria terminada em primeiro turno, mas como tem muito tempo ainda até outubro, e considerando o peso do apoio do Bolsonaro, a tendência é que a disputa em Franca seja definida em dois turnos”, afirma o especialista.

Desafio adicional para João Rocha será modular o grau do apoio. Fundamental para levá-lo ao segundo turno, poderá se converter num entrave caso atinja este objetivo. Porque os votos de esquerda, que somam hoje cerca de 14% do eleitorado, automaticamente iriam para quem estiver do outro lado da disputa com alguém ungido por Bolsonaro. Não será fácil, mas a prioridade absoluta do grupo de João Rocha é antes de mais nada passar para o segundo turno. E para isso, sonham com o desembarque de Bolsonaro em Franca ao mesmo tempo em que tentam afastar Tarcísio de Freitas de Alexandre Ferreira.

Há alguns outros fatores que vão fazer com que as próximas semanas sejam bastante movimentadas na política municipal. Matematicamente, João Rocha não pode esquecer que Guilherme Cortez está mais perto dele do que ele de Alexandre Ferreira. A distância de Alexandre para João Rocha é de 22,1%; de João para Guilherme Cortez, de 10,6%. Ao mesmo tempo em que corra atrás do prefeito, João Rocha terá que defender sua posição das investidas do candidato do Psol, que tem grande aderência entre os eleitores mais jovens, entre 16 e 24 anos, onde ocupa o segundo lugar.

Também merecem ser acompanhados de perto os movimentos de Mariana Negri, do PT, absoluta desconhecida que entrou na disputa com a desistência de Rafael Bruxellas. Servidora do Ministério Público, é a única mulher na corrida eleitoral e não tem muitas fragilidades que possam ser atacadas, com exceção da pouca experiência e da aversão de parte do eleitorado a qualquer nome ligado ao PT. Se e quanto vai crescer, e quem ela atrapalha ou ajuda, serão dúvidas que só virão a ser esclarecidas com as próximas rodadas de pesquisas eleitorais.

Sobre a pesquisa

A pesquisa GCN/Sampi/Ágili foi realizada entre os dias 17 e 20 de junho. Foram entrevistadas 500 pessoas moradoras de Franca, maiores de 16 anos. Foi utilizada a aplicação de questionário estruturado, com entrevistas por telefone, junto a uma amostra representativa do eleitorado em estudo. A margem de erro é de 4,4%, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Custeada pelo portal GCN com recursos próprios, a pesquisa está registrada no TSE com o número SP-00277/2024.

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