16 de julho de 2024
OPINIÃO

Jundiaí é saudável?


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Quero crer que sim. Mas será que integra a rede global chamada PHC? Partnership for Healthy Cities, ou Parceria para cidades saudáveis, que congrega setenta e quatro cidades em todo o mundo, para desenvolver ações de saúde pública para se tornarem mais saudáveis?

No Brasil temos São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza a integrar esse grupo. Cada cidade faz aquilo que quiser, dentro desse espírito de reduzir o impacto das doenças crônicas não transmissíveis, propiciar a seus habitantes oportunidade de se exercitarem e evitarem as enfermidades que resultam da inação e da negligência.

Há quem conserte gratuitamente bicicletas, para estimular seu uso. Município que tenha cantinas escolares livres de produtos ultraprocessados. A capital tem a sua “segunda sem carne”, para lembrar que o gado emite mais gás do efeito estufa do que a indústria. Mais de 80% das mortes resultam de causas passíveis de prevenção por meio de adoção de políticas urbanas de saúde.

É viável insistir no combate ao tabagismo, investir na qualidade do ar. Há gestores públicos que ainda acreditam que prover saúde é ter bons hospitais e outros sérvios. Mais importante é atuar firmemente na prevenção de fatores que levam as pessoas a adoecerem.

Impõe-se a adoção de uma política pública de esclarecimento da população, para que mude seus hábitos e adquira, por si mesma, qualidade mais apurada de vida. Uma providência que causa desconforto é a limitação da velocidade para o trânsito. Cidades civilizadas já fixaram o limite máximo de 30 km por hora. Quem quiser correr, vá para autoestrada. Quem tiver coragem de estabelecer esse teto, estará salvando vidas.

Existem iniciativas inovadoras e de baixo custo. Enfermeiros, paramédicos ou outros agentes de saúde capacitam vendedores de supermercados sobre os perigos do excesso de sal. Estes partilham dicas com clientes, incluindo como cozinhar pratos tradicionais com substituição do sal por outros temperos. Outra cidade aprovou lei proibindo a venda de bebidas açucaradas e produtos ultraprocessados nas escolas.

Também assegurar água potável, de temperatura adequada e gratuita é um benefício para as pessoas. Em Fortaleza, por exemplo, a prefeitura, em conjunto com a Universidade Federal do Ceará, desenvolveu monitores de baixo custo para avaliar a qualidade do ar.

São as crianças as mais afetadas pela poluição urbana. A principal causa de internação infantil até os dez anos são os problemas respiratórios. No Rio de Janeiro, insiste-se no antitabagismo. Daí o aumento da fiscalização nos pontos de venda, o banimento da propaganda irregular, o combate ao contrabando, a proibição de cigarros eletrônicos e narguilés. É que muita gente acha que os DEFs – dispositivos eletrônicos para fumar, são vapores de água e não fazem mal à saúde não é verdade: eles são ilegais. E é comum o uso de sais de nicotina com concentrações muito maiores e que viciam mais rápido.

Há muita coisa a ser feita. Por exemplo: contratar professores de educação física para treinar os frequentadores dos parques, das praças de esporte, dos centros esportivos e de locais que atraem caminhantes. Uma coisa é oferecer o espaço. Outra é motivar os que se servem desses equipamentos, mas não fazem exercícios compatíveis com as necessidades preventivas de uma higidez físico-mental adequada.

Então: como está nossa cidade nesse cenário?

José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)