16 de julho de 2024
OPINIÃO

A Inteligência Artificial é a nova eletricidade?


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Para Sam Altman, fundador e CEO da OpenAI – empresa que criou o ChatGPT –, esta provocação acima sequer deveria ser uma pergunta, deveria ser uma afirmação. Isso porque ele acredita que a Inteligência Artificial, no futuro, estará no nosso dia a dia de maneira tão orgânica e natural que nem pensaremos sobre isso, assim como ocorre hoje com a eletricidade.

Essas e outras reflexões permearam o evento de celebração do Dia da Indústria, realizado por Fiesp e Ciesp, na sede das entidades. Na ocasião, foi anunciada a criação de uma comissão especial para tratar do tema (“Inteligência Artificial – Políticas Públicas e Empresariais”), já que este assunto estará cada vez mais presente na sociedade.

A grande diferença da IA atual é que ela é generativa, como o ChatGPT. É um tipo de sistema capaz de gerar texto, imagens, entre outros, ao responder demandas feitas em linguagem comum. Por ser baseada em um consumo massivo de dados, a máquina aprende continuamente, com aplicações nos mais diversos segmentos.

No setor industrial, esta tecnologia também está moldando o futuro e tem o potencial para transformar a maneira como os produtos são concebidos, fabricados e distribuídos.

A IA permite saltos de produtividade – e isso é chave em um mundo onde a força de trabalho tende a encolher, porque a taxa de fecundidade vem caindo, e o envelhecimento populacional é uma realidade.

Além disso, a Inteligência Artificial traz eficiência operacional e possibilita decisões mais assertivas, pois é baseada em dados. Esses avanços irão levar as empresas a novos patamares de inovação e competitividade, ingredientes fundamentais para a neoindustrialização do país.

Na prática, há uma série de tecnologias em desenvolvimento que terão grande impacto no processo produtivo. A visão computacional avançada, por exemplo, garante o controle de qualidade, automatizando a inspeção de produtos e mantendo padrões elevados. Um case mostrado no evento discorreu sobre uma fábrica de tecido que eliminou os produtos defeituosos.

Para encurtar o processo de desenvolvimento de produtos e diminuir custos, pode-se recorrer ao design generativo, que é utilizado para a criação de designs inovadores e eficientes. Gêmeos digitais, por sua vez, replicam o ambiente físico, e permitem otimizar a performance de máquinas e processos, garantindo maior eficiência e menor risco de erros

Na opinião do pesquisador Ronaldo Lemos, que fez a primeira exposição do evento, a indústria é uma das quatro áreas em que o Brasil tem condições de sobressair globalmente – as outras são o agro, a educação e o governo. E o Senai, segundo ele, é um grande aliado dos empresários neste propósito.

Há cinco anos, o Senai-SP criou um núcleo para estudos em IA com o objetivo de enxergar tendências tecnológicas. Na visão da entidade, para as empresas entrarem na trilha da Inteligência Artificial, o primeiro passo é ter dados próprios confiáveis e digitalizados.

Este, inclusive, é a primeira orientação do Senai-SP para as empresas que entram na Jornada de Transformação Digital, programa estruturado por Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP, que tem como objetivo digitalizar 40 mil indústrias paulistas e é gratuito para quem tem faturamento anual de até R$ 8 milhões – 18 mil já aderiram à Jornada.

É o acúmulo de informações é que permitirá análises e a tomada de decisões devidamente embasadas. Vale ressaltar que a última etapa da Jornada de Transformação Digital é a indústria inteligente na qual a IA é usada largamente. Este é futuro que o setor industrial deve mirar.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)