27 de novembro de 2024
OPINIÃO

Os sons interferem no humor das pessoas


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Coração ligado, bit acelerado, no som do compasso que movimenta a vida, as pessoas e a sociedade. Os sons, sejam eles musicais ou o ruído da cidade penetram no corpo e na alma, tornando-se, muitas vezes, imperceptíveis. A correria do dia a dia, normalmente, anestesia os sentidos, e os sons parecem imperceptíveis, mas as vibrações penetram pelo ouvido. Atingem uma membrana que pulsa, e gera estímulos elétricos, em sequências de descargas nervosas, que vai transmiti-lo ao cérebro. Portanto, o que você ouve (ou não) pode interferir no seu humor, nas emoções, sentimentos e no comportamento.

A partir da percepção musical, pesquisas do Instituto de Música e Aprendizagem de Paris tem comprovado "a capacidade de a música influenciar o estado emocional do indivíduo, produzir reações fisiológicas cuja magnitude parece depender do conteúdo emocional específico de cada um." A explicação, segundo eles, "está na plasticidade neural, quer seja a partir do aumento no número de sinapses e de neurotransmissores, quer seja como o aumento da potência da sinapse existente e a formação de novas conexões."

Sinal de alerta vermelho

Músicas como o funk, rap, heavy metal, cujas letras levam a nostalgia, melancolia, saudade, tristeza, depressão, ao apelo e sensualização extrema preocupam os pesquisadores devido à forte frequência de comportamentos de risco em suas letras. Os estudos também demonstraram significativa redução nos níveis de estresse após quatro meses de sessões semanais de música clássica que evidenciaram efeitos relaxantes e positivos sobre o humor, mesmo que não sejam as músicas preferidas ou habitualmente ouvidas.

A música é um instrumento de diálogo não verbal que faz parte da cultura humana desde a antiguidade. Há questionamentos no meio criativo sobre a queda da qualidade das harmonias e das letras nacionais. Leonardo Sales, analista da música popular brasileira realizou estudo pela internet com críticos e público em geral que atestou "o empobrecimento e o declínio da complexidade das músicas e letras, levando-se em consideração os acordes (quantidade, tamanho e raridade). A primeira queda em relação aos acordes aparece nos anos 1960 e depois mais forte no fim dos anos 1980 e início dos 1990 e permanece constante nos dias de hoje."

O crítico musical Régis Tadeu vai mais além. Com uma visão pessimista, descreve o cenário musical brasileiro "com gente artisticamente péssima, desafinada, despreparada e que se torna uma atração maior do que a própria música, sem qualquer intuito artístico, focada exclusivamente e comercialmente em atingir o maior número de pessoas". Ele prossegue afirmando que "a excelência da música brasileira está sendo diariamente relegada e varrida para debaixo do tapete, em favor de um lucro rápido e efêmero levando ao processo de emburrecimento coletivo da população. É um festival de materialismo hedonista, calcado em uma sensualidade escrota, muitas vezes valorizando o crime e o abuso do corpo."

Independentemente da justificativa científica, dos críticos ou analistas, é certo que o som tem ritmo e frequência que estão intimamente relacionados aos níveis vibracionais da consciência e das emoções humanas, o que implica dizer que, quanto maior a vibração musical, maior é o nível de consciência da pessoa (Dr. David R. Hawkins).

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)