16 de julho de 2024
OPINIÃO

Vingança: atraso moral do ser


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A vingança é um dos últimos resquícios dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. Ela constitui indício certo do estado de atraso das pessoas que a ela se entregam e dos Espíritos que ainda as inspiram. É uma inspiração tanto mais funesta, quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. Todo aquele que se vinga, é doente e frágil, de corpo e alma.

A lei de Talião: olho por olho, dente por dente, teve a sua função em uma época específica da Terra e evitou que muitos erros e crimes fossem cometidos e consequentemente que muitas pessoas contraíssem dívidas morais. Mas a humanidade progrediu tanto tecnologicamente quanto moralmente e, dessa forma, Jesus Cristo, nosso mestre e modelo a ser seguido, que esteve encarnado entre nós para alavancar a nossa evolução moral, nos ensinou uma outra condição: "Perdoai os vossos inimigos". Se Ele nos mostrou esse caminho é porque já temos condição de segui-lo e cabe a cada um de nós nos esforçarmos para tal, praticando o perdão e não a vingança.

A vingança é atraso moral do ser, que permanece em primarismo, já o perdão engrandece o indivíduo. A primeira leva-o a futuros conflitos e ata aquele que a cultiva a quem detesta; o segundo liberta-o do agressor e desenvolve sentimentos que restauram a alegria de viver. Segundo Chico Xavier: "Uma mágoa não é motivo para outra mágoa. Uma lágrima não é motivo para outra lágrima. Uma dor não é motivo para outra dor. Só o riso, o amor e o prazer merecem revanche. O resto, mais que perda de tempo, é perda de vida".

Pesquisas demonstram os malefícios causados pelo sentimento de vingança. Ele estimula a produção de hormônios como o cortisol, a adrenalina e noradrenalina, os quais possuem relação direta com o estresse e a ansiedade. A vontade de se vingar também gera vários outros males mais complexos, como transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e fobia social. O desejo de vingança afasta o vingador do convívio social, ficando ele hipnotizado por essa monoideia. Tudo isso é muito danoso para a saúde física e mental. Se pretendemos encontrar prazer na vingança, encontraremos, na verdade, muita dor, culpa e vazio. A vingança consome o vingador e é preciso coragem para romper esse círculo vicioso. Chico Xavier nos ensina: "Se quiser encontrar sua felicidade na Terra, deve começar a esquecer as ofensas".

Segundo Divaldo Franco: "O antídoto da vingança é a compaixão. Não tenha o sentimento de ser inimigo de ninguém, mas não se preocupe porque todos nós, inclusive Jesus, temos inimigos. Ter inimigo é uma coisa, ser inimigo é outra". Chico Xavier corrobora: "Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... magoar alguém é terrível!". Assim, que nos esforcemos em não sermos vingativos, e sim em praticar a caridade em seu verdadeiro sentido, tal como Jesus a entendia: "Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas".

Eduardo Battel é médico urologista, expositor Espírita e Coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ (ebattel@hotmail.com)