16 de julho de 2024
OPINIÃO

Mr. Raposo


| Tempo de leitura: 3 min

Hoje, cedo este espaço em que publico minhas crônicas para a aluna da Casa da Fonte, YASMIM PACHECO FAGUNDES, de 15 anos. Estuda conosco desde 2019. Na escola regular, participa da E. E. Dom Joaquim Justino Carreira.

A Yasmim, como diria Machado de Assis: "Eu conheço a mais bela flor, és tu, rosa da juventude", não vive apenas de devaneios. Traduz em seus textos, sem vitimismo, as dores mais profundas da juventude.

Mr. Raposo

Dia 1: Sob a máscara da Felicidade Mr. Raposo, conhecido por seu sorriso radiante, esconde uma dor profunda causada pelos conflitos constantes entre seus pais. Cada briga deixa marcas emocionais, levando-o manter uma fachada de felicidade na escola, onde enfrenta não apenas as demandas acadêmicas, mas também a pressão de ser o filho perfeito.

Após uma briga com seu pai, por ter escondido que estava sofrendo bullying na escola, Mr. Raposo estava no seu quarto lembrando da situação vergonhosa e pensa "aprendi que a decepção vem de gente em que mais confiamos".

Dia 2: Pressão acadêmica e isolamento.

Além dos problemas familiares, a pressão dos professores e a complicação entre os colegas deixam Mr. Raposo exausto e desanimado. Apesar de sua popularidade na escola, ele se sente isolado, incapaz de compartilhar suas verdadeiras preocupações, o que o leva a uma luta solitária contra seus demônios internos.

Dia 3: O desastre

Após uma briga intensa em casa e um teste difícil na escola, Mr. Raposo atinge seu limite. Desesperado e sem esperança, ele se dirige a uma ponte em busca de uma saída para sua dor insuportável.

Dia...: O desfecho bom: uma luz na escuridão

Na ponte, Mr. Raposo estava prestes a desistir, mas o telefone toca. É sua irmã mais nova, chamando-o para jantar e informando que seus pais estavam preocupados e o procurando. As palavras inocentes da sua irmã trazem uma nova perspectiva para Mr. Raposo. Ele é inundado por uma mistura de alívio e gratidão ao perceber que não está sozinho. Com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, ele volta para casa determinado a buscar ajuda profissional e compartilhar suas lutas com sua família. O apoio amoroso de sua irmã e a promessa de seus pais de estarem ao seu lado o encorajam a enfrentar o desafio de superar a sua depressão.

Dia... : O desfecho ruim: afogado na escuridão

Sem ninguém para estender a mão, Mr. Raposo se entrega à escuridão. Olhou para as águas escuras abaixo, sentindo-se sobrecarregado pelo peso de suas preocupações. As lágrimas ainda rolando pelo seu rosto, ele percebe que está cansado de tanta pressão nas costas sua vida não passa de brigas familiares, preocupações, esforço excessivo e bullying na escola. Mr. Raposo não tem esperança que algo vai melhorar, só está piorando, com um peso insuportável em seu coração, como se estivesse em um abismo sem fim, onde a luz da esperança é apenas uma miragem distante, desespero e solidão.

Mr. Raposo vê que não teria jeito, ele tem que pular. Ninguém sentiria falta dele mesmo, não é? O coração dele bate forte, sua mente está uma bagunça. Por que ele não pulou de um prédio? Seria muito mais rápido. Ele teve que subir o morro até a ponte? Afogamento é exaustivo.

Ele já tomou sua decisão. Desistiu...

Mr. Raposo abriu seus braços sentindo o vento gelado, parecendo uma ave prestes a voar.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)